A sessão de quinta-feira do parlamento neozelandês foi interrompida temporariamente por deputados que dançaram um haka, grito tradicional da tribo Maori, em protesto contra um projeto de lei que tem em vista reinterpretar o tratado fundador da Nova Zelândia.
A deixa para a reação inesperada foi a pergunta do condutor da sessão parlamentar à deputada Hana-Rawhiti Maipi-Clarke de como o partido a que pertence, o Te Pāti Māori, votaria no projeto de lei que visa rever o Tratado de Waitangi. Este documento assinado em 1840 entre líderes da tribo Maori e a coroa britânica criou o fundamento para leis e políticas de reparação aos indígenas pelos abusos cometidos pelos colonizadores.
Em resposta, Maipi-Clarke levantou-se e rasgou uma cópia do projeto de lei, começando a dançar o haka. Vários outros deputados da oposição e pessoas nas galerias do parlamento juntaram-se ao rito, tipicamente feito em grupo com o objetivo de intimidação.
O Act, partido mais à direita do executivo conservador, diz que as leis e medidas políticas baseadas na origem étnica dos cidadãos têm criado divisões na sociedade neozelandesa, alegando ser a favor de “direitos iguais” para todos, de acordo com o New York Times.
Os Maori constituem cerca de 20% da população do país, que totaliza 5,3 milhões de pessoas. Mas têm piores indicadores de saúde e são presos a uma taxa superior do que o resto da população, informa o jornal norte-americano.
Esta semana, um protesto popular contra a alteração do Tratado de Waitangi decorreu por vários pontos do país, acumulando pessoas numa caminhada, que tem Wellington, a capital, como destino, reportam os media do país.
Hundreds of #Maōri people on Monday set out on a 9-days march to #NewZealand's capital of #Wellington in protest over #legislation that would reinterpret “Treaty of Waitangi” which is at the heart of race relations in #NewZealand ????????.
pic.twitter.com/V3WgUMr1Qy— Oliver T. Mhuriro (@Oliver_Mhuriro) November 13, 2024
O National Party, partido de centro direita que lidera o governo, tentou distanciar-se do projeto de lei, ainda que, nas negociações para formar governo, tenham prometido apoiá-lo. “Não se pode anular, de jeito rápido e leviano, 184 anos de debate e discussão com um projeto de lei que, na minha opinião, é muito simplista”, afirmou o Primeiro Ministro Christopher Luxon aos jornalistas. O governante, que pertence ao National Party, disse mesmo que queria o projeto de lei chumbado quando for retomada a discussão.