O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou esta sexta-feira o Governo de entender que nunca é tempo para o aumento extraordinário das pensões, mas ser tempo para entregar milhões de euros em benefícios fiscais aos grupos económicos.

Falando em Angeja, onde se deslocou para avaliar no terreno a situação dos agricultores após os incêndios, Paulo Raimundo comentou a afirmação do ministro das Finanças sobre o aumento das pensões, em sede de discussão na especialidade do Orçamento do Estado.

“Nunca é tempo para o aumento das pensões, nunca é tempo para aumentar os salários, nunca é tempo para contratar médicos, enfermeiros, e professores”, criticou, em declarações aos jornalistas.

Em contraponto, Paulo Raimundo considerou que, para o Governo, “é sempre tempo para entregar 1.800 milhões de euros em benefícios fiscais para os grupos económicos, para entregar mais de 1.500 milhões de euros em parcerias público-privadas, ou para pegar em mais de metade do orçamento para o Serviço Nacional de Saúde e dar aqueles que fazem da doença o negócio”.

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“Para isso há sempre tempo e a economia não precisa de crescer, mas tem de haver tempo para aqueles que trabalham e para aqueles que trabalham a vida inteira, porque esses são a ampla maioria”, disse.

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A Angeja Paulo Raimundo levou “uma palavra de solidariedade emotiva” para com as populações afetadas pelos incêndios e a garantia de que “contam com o PCP”.

“Não há defesa da floresta sem apoiar as populações”, declarou Paulo Raimundo que pegou no exemplo “do senhor Manuel que ainda não recebeu o apoio dos seis mil euros, e que se não o receber abandona a terra” para criticar o atraso na distribuição dos apoios prometidos.

“O Governo foi rapidíssimo na propaganda, mas limitado nos apoios, com efeitos práticos lentos e aquém do desejável”, disse, lembrando que o PCP propôs que o apoio inicial fosse de 10 mil euros, o que faria “diferença na vida das pessoas”.

Paulo Raimundo salientou que os pequenos agricultores e produtores florestais não conseguem recuperar as suas explorações agrícolas e “há pessoas que preenchem os critérios todos e passados dois meses não receberam nada”.

“Até é contraditório porque o governo, ao mesmo tempo que a que faz a propaganda dos apoios, põe à disponibilidade da União Europeia um corte de 114 milhões de euros nas verbas para a floresta”, comentou.