O executivo da Câmara do Porto foi, esta segunda-feira, unânime em repudiar os ataques verbais e físicos de que os cidadãos que se têm manifestado em solidariedade com o povo palestiniano têm sido alvo na cidade.
A proposta, apresentada pela CDU, defende que as agressões, descritas por dois munícipes na sessão da Assembleia Municipal e que circulam em vídeos nas redes sociais, “são inadmissíveis numa cidade como o Porto, que se pretende tolerante, democrática e onde a liberdade é um valor inquestionável”.
“Esta situação deve merecer, da parte das forças de segurança, a maior atenção, bem como a adoção das medidas necessárias à salvaguarda da segurança dos cidadãos que, pacificamente, exercem os seus direitos constitucionais”, lê-se na recomendação.
À margem da reunião privada do executivo, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, defendeu a importância de o município “tomar as medidas necessárias junto da polícia para garantir a liberdade” e que “não concorda com esses atos”.
“É importante para as pessoas que sintam que da parte do poder político da cidade não há qualquer cedência a atropelos à liberdade de quem quer que seja”, assinalou.
Também o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que, depois de ter tomado conhecimento das alegadas ameaças e agressões, pediu à Polícia Municipal para intervir junto do Comando Metropolitano do Porto da PSP.
“No sentido de tomar as medidas legais adequadas face a estas situações que estão comprovadas e relatadas”, acrescentou.
Pelo BE, Sérgio Aires defendeu ser “urgente que as medidas sejam postas em marcha”.
“Sabemos que até ontem [domingo], pelo menos, as pessoas não notaram que havia mais vigilância e, infelizmente, as ameaças e permanência de pessoas a incomodar as vigílias continua a acontecer, não só aqui [em frente à câmara] como em Arca d’Água”, referiu.
O socialista Tiago Barbosa Ribeiro repudiou as agressões e ameaças, defendendo a importância de os órgãos públicos tomarem uma posição.
Já a social-democrata Mariana Macedo defendeu a necessidade dos ofendidos apresentarem queixa, por forma a não existir “um sentimento de impunidade com quem tem este tipo de atuações em vigílias tão serenas na cidade”.
O Coletivo pela Libertação da Palestina (CLP), que em outubro de 2023 começou uma vigília diária em solidariedade com o povo palestiniano em frente ao edifício da Câmara do Porto, denunciou num comunicado enviado no dia 15 de novembro a “total impunidade com que operam grupos organizados que tentam aterrorizar e negar os direitos constitucionais de reunião e expressão”.
“Apesar de as forças policiais terem sido chamadas quase uma dezena de vezes, limitam-se a tomar nota do ocorrido sem reforçarem, de forma consistente, a sua presença na área, nem tomar nenhum tipo de medidas em relação aos agressores”, sublinha a nota de imprensa do CLP, que inclui um vídeo alegadamente feito na véspera e onde quatro supostos israelitas ameaçam o grupo pró-Palestina reunido diante da câmara.
Na Assembleia Municipal de segunda-feira, uma cidadã, que abordou os ataques que alegadamente os manifestantes pró-Palestina tem sido alvo na cidade e teceu críticas à posição do município do Porto nesta matéria, foi expulsa da sala.
Depois de solicitar que terminasse o seu discurso, e por não o fazer, o presidente da Assembleia, Sebastião Feyo de Azevedo, pediu à Polícia Municipal para retirar a cidadã da sala.
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