O procurador especial Jack Smith, escolhido para investigar o envolvimento de Donald Trump na campanha para reverter os resultados das eleições eleitorais de 2020, solicitou, esta segunda-feira, que o processo seja arquivado. “A posição do Departamento da Justiça é que a Constituição exige que este caso seja arquivado antes da tomada de posse do arguido. Esta decisão não se baseia nos méritos ou na força do caso contra o arguido“, escreveu no documento entregue em tribunal e citado pela imprensa norte-americana.

Uma decisão meramente “categórica”, segundo o procurador, e que não reflete a “gravidade dos crimes imputados ou a força das provas do governo”. Com isto, e quase 16 meses depois das acusações terem sido feitas, Jack Smith apresentou a moção à juíza federal responsável pelo caso, Tanya Chutkan, para arquivar o caso.

Em agosto de 2023 e na sequência dos episódios que levaram à invasão do Capitólio dos EUA no dia 6 de janeiro de 2020, o agora Presidente eleito foi acusado de quatro crimes: conspiração para defraudar os Estados Unidos, conspiração para obstruir um processo oficial, obstrução e tentativa de obstrução de um processo oficial e conspiração contra direitos. Trump declarou-se inocente de todas as acusações.

Trump declara-se “inocente” em sessão de 27 minutos no tribunal de Washington. Antigo presidente dos EUA acusado de interferência eleitoral

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“Um sequestro político e um ponto baixo na história do país” — foi assim que Donald Trump reagiu às noticias sobre o seu caso na rede social X, afirmando também que se gastaram mais de 100 milhões de dólares (95 milhões de euros) dos contribuintes para financiar a “luta do Partido Democrata contra o seu adversário político”. O republicano aproveita ainda a oportunidade para tecer fortes críticas aos vários procuradores envolvidos na acusação, mencionando “inexperiência”, “falta de ética” e até mesmo uma “campanha ilegal”.

Num comunicado, o porta-voz da campanha do Presidente eleito disse que o arquivamento era uma “grande vitória do Estado de direito“. “Os norte-americanos e o Presidente Trump querem o fim imediato da instrumentalização política do sistema judicial”, escreve Steven Cheung.

Jack Smith foi indicado pelo Procurador-Geral dos EUA, Merrick Garland, para liderar uma investigação independente em novembro de 2022, com o objetivo de escrutinar o papel de Trump no protesto no Capitólio e ainda o seu “manuseamento incorreto” de documentos governamentais. Ao longo dos dois anos deste “Conselho Especial”, Donald Trump lançou várias críticas tanto a Smith como a Chutkan, acusando-os de ser “partidários” e “enviesados”.