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Donald Trump declarou-se esta quinta-feira inocente durante a apresentação no tribunal de Washington. O antigo chefe de Estado dos Estados Unidos é acusado de tentar reverter o resultado das eleições presidenciais de 2020, processo que acabou com centenas dos seus apoiantes a invadir o Capitólio a 6 de janeiro desse ano.

De acordo com o despacho de acusação, Donald Trump é acusado da prática de quatro crimes: conspiração para ludibriar os Estados Unidos, conspiração para obstruir um procedimento oficial, obstrução e tentativa de obstruir um procedimento oficial e conspiração contra direitos.

Donald Trump comparece na quinta-feira perante juíza em Washington DC

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No tribunal de Washington, Trump esperou pelo menos 20 minutos pela chegada da juíza Moxila A. Upadhyaya, enquanto estava ladeado pelos advogados — John F. Lauro e Todd Blanche. Num primeiro momento, descreve o New York Times, a juíza pediu que o ex-presidente dissesse o seu nome, ao que Trump se levantou e começou a andar na sua direção. Rapidamente Upadhyaya terá aconselhado que se sentasse e falasse ao microfone, voltando a repetir a questão.

Durante a sessão a juíza começou por ler as acusações e enumerar as possíveis sentenças máximas a que corresponde cada crime: uma pena de cinco anos de prisão por conspiração para ludibriar os EUA; de 20 anos por conspiração para obstruir um procedimento oficial e  obstrução e tentativa de obstruir um procedimento oficial; de dez anos por conspiração contra direitos.

Segundo o New York Times, de seguida foram divulgadas as condições impostas para a sua permanência em liberdade. O antigo líder norte-americano não pode violar as leis estatais ou federais, deve apresentar-se quando convocado a tribunal e assinar um termo em como pagará um montante por definir caso não compareça. Trump também está impedido de contactar com as testemunhas do caso, exceto através dos seus advogados ou na sua presença.

A juíza advertiu Trump contra o incumprimento de alguma destas condições, sublinhando que nessa eventualidade poderá ser detido enquanto aguarda julgamento e receber uma sentença mais longa. Também anunciou a data da primeira audiência do julgamento: 28 de agosto, às 10h00 locais (15h, em Portugal).

Quando abandonou o tribunal, o antigo líder da Casa Branca, em declarações aos jornalistas, afirmou que este é “um dia muito triste para a América”. “Isto é a perseguição de um oponente político. Isto nunca deveria ter acontecido na América”, acrescentou.

Antes da chegada a Washington, Trump já tinha deixado criticas ao local e juiz escolhidos no decorrer deste caso. “O Biden e a sua família roubam milhões e milhões de dólares, incluindo subornos de países estrangeiros e e eu estou a caminho de Washington para ser PRESO por protestar uma ELEIÇÃO DESONESTA. NUM LOCAL INJUSTO, COM UM JUIZ INJUSTO”, escreveu na rede social Truth Social, recorrendo ao uso de letras maiúsculas.

Além de Trump, foram considerados mais seis conspiradores: quatro advogados, um dirigente do departamento de justiça e um consultor político. Para já as suas identidades não são conhecidas.

De obstrução a conspiração: Trump formalmente acusado de quatro crimes sobre interferência nas eleições de 2020

Este é o terceiro processo criminal em que Trump se vê formalmente acusado. O primeiro está relacionado com o alegado pagamento de subornos à atriz pornográfica Stormy Daniels. Já o segundo diz respeito à posse de documentos confidenciais apreendidos na sua mansão de Mar-a-Lago.

O ex-Presidente vai ter um calendário apertado nos próximos meses. Antes da audiência do dia 28, tem marcado uma outra para 25 de agosto no caso dos documentos confidenciais. Pelo meio tem o primeiro debate presidencial do Partido Republicano, a 23 do mesmo mês.