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A ex-ministra dos Negócios Estrangeiros israelita Tzipi Livni lamentou esta terça-feira as ações de apoiantes palestinianos, que pintaram a fachada do Centro de Congressos do Estoril, numa tentativa de impedir a sua participação no 10.º Fórum da Aliança das Civilizações.

“Não posso ignorar o que aconteceu hoje [esta terça-feira] de manhã nesta conferência. Tentaram impedir-me de falar e de partilhar as minhas visões neste palco. É fácil apoiar a paz e a tolerância desde que não se tenha que pagar um preço por isso”, disse Livni, durante o painel “Unidos em Paz: Recuperar a confiança, reformular o futuro”.

Um grupo de ativistas pró-palestinianos pintou a vermelho a palavra “sionista” na fachada do Centro de Congressos do Estoril, na noite de segunda-feira, em protesto contra o discurso da antiga ministra israelita.

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A antiga ministra sublinhou que o apoio à tolerância por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC) foi esta terça-feira posto à prova, por “aqueles que tentam intimidar ou ameaçar a mera existência destas conferências, porque são completamente intolerantes” em relação às suas opiniões.

“Acredito que a tolerância é mais importante do que conferências sobre a tolerância. E estou feliz por poder partilhar as minhas visões convosco”, reiterou.

Livni agradeceu também à ex-presidente da Letónia, Vaira Vïke-Freiberga, que “esteve no palco e defendeu os valores que todos representamos”, durante a sua intervenção na palestra “Reflexões especiais: Duas décadas de Diálogo para a Humanidade”.

“Uma coisa é lutar por valores e por direitos, mas é completamente diferente lutar, ou recorrer ao terror, quando o objetivo é privar os outros de acreditarem na sua própria fé e foi isto que o Hamas fez no dia 7 de outubro em Israel, da maneira mais horrível”, considerou a política israelita, aludindo ao ataque do movimento islamita palestiniano ao sul de Israel, há um ano.

Sobre a guerra em Gaza, e a “dor dos palestinianos”, Livni referiu ser essencial que, para encontrar “a solução para restaurar a paz e a confiança”, é necessário primeiro entender “quais são os factos”, mas advertiu que, atualmente, os factos “são menos importantes”.

“Vivemos num mundo onde os factos são menos importantes, as redes sociais significam que cada um de nos está a seguir uma fonte diferente de informação. Portanto é muito difícil encontrar um entendimento quando não há uma base em comum, e isto é o que está a acontecer em Israel”, disse.

Livni foi ministra dos Negócios Estrangeiros no governo de Ehud Olmert, entre 2006 e 2009, período em que foi lançada uma operação contra Gaza. Foi alvo de um mandado de captura emitido por um tribunal britânico pelo seu papel nesta guerra.

A ex-governante anunciou em 2020 a sua retirada da vida política, dada a perda de influência da força que liderava, HaTnua (O Movimento), deixando críticas ao Governo de Benjamin Netanyahu pelo que designou como o ataque às instituições democráticas do país, incluindo os media e o sistema judicial.

Figura eminente da política israelita, no primeiro plano das negociações com os palestinianos, Livni esteve próxima de se tornar primeira-ministra em 2009.

Este ano, Cascais acolheu o 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), que teve início hoje e decorrerá até quarta-feira, no Centro de Congressos do Estoril, contando com a presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e dezenas de ministros dos Negócios Estrangeiros, altos funcionários de várias organizações internacionais e vários ex-chefes de Estado e de Governo.

O fórum comemora este ano o 20.º aniversário da fundação da Aliança das Civilizações e a sua agenda passa por fazer o balanço dos esforços realizados ao longo das duas últimas décadas e o planeamento do futuro da iniciativa com a adoção da Declaração de Cascais.