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O governo israelita concordou este domingo, por unanimidade, sancionar o Haaretz, o jornal mais antigo do país, a propósito daquilo que considera ser a cobertura crítica da guerra entre Israel e o Hamas. Além de retirar toda a publicidade institucional do meio, o ministério das Comunicações israelita apela a todos os funcionários do governo e das empresas estatais para que terminem as comunicações com o jornal e cancelem as subscrições do mesmo.

A notícia já tinha sido avançada por vários jornais israelitas, incluindo o visado, e foi igualmente confirmada  pelo portal de notícias Axios.

A proposta surgiu em resposta à cobertura da guerra feita pelo Haaretz, considerada crítica a Israel pelo governo. Também não passaram incólumes as declarações do editor do jornal, Amos Schocken, que em outubro sugeriu que o governo israelita deveria ser sancionado por violar o direito internacional.

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A resolução aprovada no domingo não apareceu na agenda do governo israelita publicada antes da reunião semanal do gabinete. Benjamin Netanyahu aprovou-a sem que fosse submetida à habitual revisão legal.

Num editorial publicado pelo Haaretz esta terça-feira, o jornal diz que, “no Israel de Netanyahu, a liberdade de expressão significa liberdade para elogiar o líder”.

Israel altera lei para permitir encerrar media estrangeiros acusados de ameaçar o Estado

“O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é conhecido por ser obcecado pelo controlo dos meios de comunicação social. Esta obsessão já o levou a tribunal por acusações de suborno, fraude e abuso de confiança em três casos diferentes de corrupção. Esta semana, embarcou noutra campanha para destruir a imprensa livre, uma nova fase perigosa no seu plano para destruir a democracia de Israel e substitui-la por um regime autoritário liderado por si“, acusa o meio de comunicação social.

“Deploramos a tentativa do governo israelita de silenciar um meio de comunicação israelita respeitado como o Haaretz, prejudicando as suas receitas publicitárias e de assinaturas”, afirmou, por seu turno, Jodie Ginsberg, CEO do Comité para a Proteção dos Jornalistas, em reação à decisão.

Em fevereiro, o gabinete de segurança de Israel apresentou alterações à legislação que permitiram o encerramento de meios de comunicação estrangeiros que alegadamente estivessem a prejudicar a defesa do Estado israelita. As alterações introduzidas incluíam prolongar as medidas de condicionamento além do período de guerra.

Depois disso, em setembro, forças israelitas invadiram a redação da estação de televisão Aljazeera, na Cisjordânia ocupada, e emitiram uma ordem de encerramento. O governo israelita alega que o canal estava a ser usado para “incitar ao terrorismo”.

Israel invade e encerra redação da Al-Jazeera na Cisjordânia ocupada por 45 dias