Pela primeira vez em meses, os camiões do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU conseguiram entregar alimentos num campo de deslocados mergulhado na fome no Sudão, informou esta terça-feira a organização.

“Os camiões de alimentos do PAM chegaram na sexta-feira ao campo de Zamzam, no Darfur do Norte, onde a fome tinha sido confirmada no início do ano”, disse a porta-voz da agência da ONU, Leni Kinzli, em Genebra.

“Esta é a primeira refeição do PAM que conseguimos levar para o campo em muitos meses, com ajuda alimentar de emergência para 12.500 pessoas”, disse Kinzli.

Desde abril de 2023, o Sudão tem sido palco de uma guerra entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo e o exército liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, o líder do país.

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O conflito causou dezenas de milhares de mortos, deslocou mais de 11 milhões de pessoas e criou o que a ONU descreve como a pior crise humanitária de que há memória recente, com o risco de fome generalizada. Ambos os lados do conflito são acusados de crimes de guerra, ao utilizar a fome como arma de guerra.

“Mesmo que o nível de ajuda” transportado pelos camiões do PAM “seja apenas uma gota no oceano (…) estes camiões trazem esperança à população de Zamzam, que luta sozinha contra a fome, privada de qualquer ajuda há muitos meses”, afirmou a Sra. Kinzli.

A RSF tem estado a cercar El Fasher, a capital do estado do Darfur Norte há meses, e a fome instalou-se no campo vizinho de Zamzam.

“As pessoas alinharam-se ao longo da estrada para aplaudir a chegada do comboio do PAM”, disse Kinzli.

“As famílias estão a comer cascas de amendoim esmagadas para sobreviver” e os pais estão “a chorar a morte dos seus filhos por desnutrição”, afirmou.

Na sequência de uma reunião realizada na segunda-feira com o subsecretário-Geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, o general Burhan anunciou que as agências da ONU seriam autorizadas a criar centros de abastecimento em El Obeid, Kadugli e Ed Damazin.

“O pessoal da ONU será também autorizado a acompanhar os comboios e a supervisionar a distribuição da ajuda”, afirmou no X.

“Mais voos humanitários e mais centros humanitários permitir-nos-ão chegar a mais sudaneses”, respondeu Fletcher na mesma rede social.

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