Dois jogos, 11 golos marcados, um sofrido. O Benfica chegava a esta quarta-feira vindo de duas partidas em que venceu e convenceu, contra FC Porto e Estrela da Amadora, e Bruno Lage beneficiava de um contexto positivo que contrastava com a crise que Vítor Bruno atravessava e com a goleada que João Pereira tinha sofrido na noite anterior. De repente, apesar da mudança de treinador ainda numa fase embrionária da temporada, os encarnados pareciam viver um momento tranquilo.

Ainda assim, a margem de erro na Liga dos Campeões não era extraordinária. Com duas vitórias e duas derrotas em quatro jornadas e uma semana depois do desaire em Munique com o Bayern, o Benfica não podia dar-se ao luxo de oferecer pontos se quisesse manter-se na zona de apuramento para o playoff de acesso aos oitavos de final. O adversário, porém, não era ideal: um Mónaco que estava na bolsa de qualificação direta, ainda sem qualquer derrota europeia, e que bateu o Barcelona.

Ficha de jogo

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Mónaco-Benfica, 2-3

Fase de liga da Liga dos Campeões

Stade Louis II, em Fontvieille (Mónaco)

Árbitro: Rade Obrenovic (Eslovénia)

Mónaco: Radoslaw Majecki, Vanderson, Thilo Kehrer, Denis Zakaria (George Ilenikhena, 90+1′), Eliesse Ben Seghir (Mohammed Salisu, 63′), Aleksandr Golovin, Maghnes Akliouche, Caio Henrique (Christian Mawissa, 57′), Lamine Camara (Soungoutou Magassa, 57′), Wilfried Singo, Breel Embolo (Folarin Balogun, 63′)

Suplentes não utilizados: Philipp Köhn, Yann Lienard, Jordan Teze, Eliot Matazo, Takumi Minamino, Kassoum Ouattara, Joan Tincres

Treinador: Adi Hütter

Benfica: Trubin, Alexander Bah, Otamendi, Tomás Araújo, Álvaro Carreras, Fredrik Aursnes (Leandro Barreiro, 85′), Florentino (Amdouni, 66′), Di María (Rollheiser, 90+2′), Kökçü, Aktürkoğlu, Pavlidis (Arthur Cabral, 66′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, André Gomes, António Silva, Schjelderup, Issa Kaboré, Nuno Félix, Adrian Bajrami, Tiago Parente

Treinador: Bruno Lage

Golos: Eliesse Ben Seghir (13′), Pavlidis (48′), Soungoutou Magassa (67′), Arthur Cabral (84′), Amdouni (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Florentino (5′), a Álvaro Carreras (29′), a Denis Zakaria (41′), a Thilo Kehrer (41′), a Aktürkoğlu (42′), a Wilfried Singo (42′ e 58′), Christian Mawissa (79′); cartão vermelho por acumulação a Wilfried Singo (58′)

“Ao jogar pelo Benfica sentimos sempre a pressão de vencer, faz parte. É uma pressão inerente desde os Sub-11 à equipa principal, entramos em campo para vencer. Isso faz parte da nossa mentalidade, faz parte da minha formação aqui dentro desta casa. Por isso, sei muito bem como preparar os jogadores para amanhã manterem essa ambição de entrar em campo para vencer. O nosso desejo é seguir em frente na competição, por isso, se temos esse desejo e essa ambição, temos de fazer o número de pontos que nos permita seguir em frente”, explicou Bruno Lage na antevisão da partida.

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Neste contexto, o treinador encarnado lançava o onze-tipo do Benfica e apostava em Aktürkoğlu e Di María no apoio a Pavlidis, com Florentino e Aursnes no meio-campo, enquanto que Jan-Niklas Beste era baixa por lesão. Do outro lado, vindo de três vitórias consecutivas, Adi Hütter tinha Breel Embolo como referência ofensiva, suportado por Ben Seghir, Golovin e Akliouche, e Folarin Balogun regressava à convocatória depois de ter estado lesionado e começava no banco.

O primeiro remate do jogo até pertenceu ao Benfica, com Di María a atirar forte de fora de área para Majecki encaixar (8′), mas o instante foi mesmo um raio de sol de pouca dura. O Mónaco entrou claramente melhor, encostando os encarnados ao próprio meio-campo e demonstrando uma superioridade óbvia em termos de posse de bola, e até poderia ter inaugurado o marcador ainda dentro dos dez minutos iniciais quando Ben Seghir desviou ao lado na cara de Trubin (9′).

O golo, porém, não tardaria. Já depois de Zakaria ter testado os reflexos do guarda-redes ucraniano, com um remate de fora de área (11′), Ben Seghir aproveitou um passe de Golovin na sequência de uma defesa incompleta de Trubin para encostar para a baliza desprotegida (13′). O Mónaco colocava-se em vantagem de forma justa e justificada — e o Benfica mostrava muitas dificuldades na reação à perda de bola, algo que era agravado pelo cartão amarelo que Florentino viu logo nos instantes iniciais do jogo.

Ben Seghir ainda teve uma boa ocasião para bisar, com um remate de fora de área que passou por cima da trave (29′), mas a equipa de Bruno Lage teve a capacidade de reagir ao golo sofrido. O Benfica subiu as linhas, soltou-se das amarras dos monegascos e alcançou o controlo da posse de bola, ainda que revelasse um claro desacerto ao nível do passe. Álvaro Carreras quase empatou, com um pontapé que desviou num adversário e ficou perto de trair Majecki (32′), e Di María teve a grande oportunidade dos encarnados ao aparecer isolado na cara do guarda-redes, após erro colossal de Ben Seghir, mas permitiu a defesa (37′).

Otamendi ainda se aproximou do golo, com um cabeceamento por cima na sequência de um canto (37′), assim como Aktürkoğlu atirou cruzado para defesa de Majecki já na área (40′), mas já nada mudou até ao intervalo. No fim da primeira parte, o Benfica estava a perder com o Mónaco no Principado, mas já tinha tido diversas oportunidades para marcar e empatar — algo que não escondia alguma desorganização defensiva, essencialmente na zona à frente dos centrais, e uma clara dificuldade na ligação entre setores.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Mónaco poderia ter aumentado a vantagem logo nos instantes iniciais da segunda parte, com Embolo a acertar no poste com um remate à meia-volta na área (47′). No lance seguinte, porém, o Benfica não falhou. Caio Henrique e Majecki desentenderam-se, num erro colossal da defesa monegasca, e Pavlidis aproveitou para empatar quando ficou isolado em frente à baliza deserta (48′).

Dentro dos dez minutos seguintes, o jogo deu uma enorme volta. Akliouche marcou mas o golo foi anulado por fora de jogo (49′), Alexander Bah também marcou e o golo também foi anulado por fora de jogo (53′) e Singo acabou por ser expulso por acumulação de cartões amarelos com mais de meia-hora por disputar. Em inferioridade numérica, já depois de ter lançado Mawissa e Magassa, Adi Hütter procurou equilibrar a equipa e colocou Balogun e Salisu.

Bruno Lage mexeu pela primeira vez pouco depois, trocando Florentino e Pavlidis por Amdouni e Arthur Cabral, recuando Kökçü para o meio-campo. Já dentro dos últimos 25 miuntos, porém, o Mónaco recuperou a vantagem: Mawissa desequilibrou na esquerda e cruzou atrasado para a entrada da grande área, onde Magassa apareceu sozinho a rematar forte para bater Trubin (67′). Enorme passividade da defesa do Benfica, que permitiu que a bola chegasse ao recém-entrado médio sem qualquer tipo de interceção — e enorme vazio deixado pela saída de Florentino.

Em quatro minutos, contudo, tudo mudou. Di María cruzou na esquerda e Arthur Cabral empatou de cabeça (84′), Di María cruzou na direita e Amdouni carimbou a vantagem de cabeça (88′). Com duas assistências perfeitas, o avançado argentino deu seguimento à masterclass que começou na Taça de Portugal e foi crucial para o triunfo do Benfica, que venceu o Mónaco no Principado e regressou às vitórias na Liga dos Campeões depois de duas derrotas seguidas.