O desaparecimento da cena política de Marcelo Rebelo de Sousa vai acontecer mais cedo do que o próprio pensava. Pelo menos é isso que garante o Presidente da República, constatando que desta vez a pré-campanha presidencial já está a aquecer, pouco mais de um ano antes das eleições, e que por isso terá tendência a afastar-se cada vez mais dos holofotes.

Questionado nesta quarta-feira pelos jornalistas sobre a pré-corrida a Belém, que já mexe, Marcelo disse ver uma “vantagem” neste timing, em relação a si próprio: “O Presidente, quando se inicia o período de pré-campanha presidencial, tem um dever de distanciamento progressivo da cena política”, começou.

“O palco é para ser ocupado pelos candidatos a candidatos, e depois pelos candidatos”, defendeu Marcelo. Por isso, concluiu, “o facto de [a pré-campanha] vir mais cedo facilita o distanciamento relativamente ao palco político português”.

As declarações do Presidente da República, cujo mandato termina em março de 2026 (com as eleições presidenciais a acontecerem dois meses antes, em janeiro), acontecem numa altura em que todo o espectro político se agita com os protocandidatos que vão surgindo, de António José Seguro a Luís Marques Mendes.

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Um dos nomes que mais estão a animar esta espécie de pré-campanha é o do almirante Henrique Gouveia e Melo, atual chefe de Estado-Maior da Armada, que como o Observador noticiou não quer ser reconduzido no cargo, o que lhe deixa o caminho aberto para tentar uma corrida presidencial. O processo de substituição começa esta quarta-feira, com a audição do Conselho do Almirantado, mas sobre isto Marcelo — que desejava que Gouveia e Melo fosse reconduzido — só recapitulou as fases do processo formal de recondução ou substituição neste cargo, lembrando que “daqui por duas semanas” o assunto já poderá ir a Conselho de Ministros e que só depois é que o Presidente intervirá no processo.

Para já, Marcelo garante apenas que ainda não recebeu nenhum nome como hipótese para substituir Gouveia e Melo, nem “faria sentido que o ministro [da Defesa] se antecipasse”, uma vez que o processo começa “de baixo para cima”, da Armada até ao momento em que Governo e Presidente da República se pronunciam.

Gouveia e Melo não quer ser reconduzido e já informou Governo. Fica livre para ser candidato a Belém