Um grupo de jihadistas sírios começaram, esta quarta-feira, uma surpreendente ofensiva no norte da Síria, perto da cidade de Aleppo. O exército do regime de Bashar al-Assad não está a conseguir conter os avanços e já se registaram pelo menos 132 mortes, segundo uma contabilização feita esta quinta-feira pela Organização Não Governamental (ONG) Observatório pelos Direitos Humanos.

Num comunicado emitido esta quinta-feira e citado pela agência estatal síria SANA, as forças armadas sírias — leais ao Presidente Bashar al-Assad — relatam um “grande ataque terrorista com um grande número de terroristas”. “Usaram armas médias e pesadas, atacando aldeias, cidades e locais militares seguros”, denunciam as tropas do regime da Síria.

As Forças Armadas sírias garantem que estão a responder ao “ataque terrorista que ainda está em curso” com “vários tipos de armas e em cooperação com forças amigáveis” — nomeadamente as russas, que continuam a ser as principais aliadas de Bashar al-Assad. “Há grandes perdas materiais e humanas entre os terroristas”, asseguram.

Por trás desta ofensiva está o grupo salafista Jabhat al-Nusra (HTS), um dos antigos braço armados sírio do grupo extremista Al-Qaeda, com o qual entrou em rota de colisão em 2016. Os seus membros controlam os últimos bastiões rebeldes da Síria no noroeste do país (na zona de Idlib), que ainda não foram tomados pelas forças leais a Bashar al-Assad durante a guerra civil síria.

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Um dos comandantes do grupo salafista, Hassan Abdel Ghani, anunciou, esta quarta-feira, no Telegram que a operação militar tem como objetivo “parar a agressão” e “proteger a população nas áreas libertadas do gangues de Assad e das milícias iranianas”. “Vamos deter o inimigo, derrotar as suas forças e manter o seu fogo longe do nosso povo. Não é uma opção, mas é um dever defender o nosso povo, a sua honra e a sua terra“, lê-se na publicação da conta com mais de 33 mil seguidores.

Esta quinta-feira, o mesmo comandante fez um balanço do primeiro dia da ofensiva no Telegram: “Graças a Deus, as nossas forças continuam o seu progresso no terreno como parte da operação para dissuadir a agressão”.

Segundo o Observatório pelos Direitos Humanos, as tropas rebeldes estão a apenas dez quilómetros do sudoeste dos subúrbios da cidade de Aleppo. De acordo com a conta de Telegram do movimento salafista, os jihadistas controlaram uma base militar, a cinco quilómetros de Aleppo, mas a informação nunca foi confirmada por qualquer fonte independente.

Em declarações ao Telegraph, Charles Lister, membro do think tank Middle East Instituteconsidera que esta ofensiva é um “momento transformador no ‘conflito congelado’ da Síria”.