A CDU quer que a Câmara do Porto reveja a forma como decide a atribuição das habitações municipais e a ordem dos respetivos pedidos, sobretudo em casos de carência social, doença ou das vítimas de despejo.
Na proposta que vai levar ao executivo na reunião camarária de segunda-feira, a que a Lusa teve acesso esta sexta-feira, a vereadora Ilda Figueiredo destaca que na cidade continuam a existir “inúmeras ameaças de despejo de famílias e pessoas com grandes fragilidades sociais, designadamente doentes e pessoas idosas”.
“Esta situação ocorre enquanto as rendas especulativas impedem que as pessoas consigam encontrar casa que possam pagar”, assinala.
A CDU destaca ainda que os moradores tentam ter direito a uma habitação social na empresa municipal Domus Social, “mas a matriz, com os seus critérios restritivos de rendimentos, não só não tem em conta estas situações como ignora a possibilidade de exceção que o regulamento prevê”.
Nesse sentido, a CDU quer que a câmara reveja “a forma como decide a atribuição de habitação municipal e a ordenação desses pedidos em situações de grave carência social, de doença, de crianças e de pessoas idosas”.
A empresa municipal Domus Social gere 48 bairros do município do Porto, onde a habitação social representa 12% do património edificado e onde vivem cerca de 30 mil pessoas.
Entre 2014 e 2023, o município atribuiu 4.056 habitações, a maioria de tipologia T2. No ano passado, foram atribuídas 303 casas, sendo que 195 foram atribuídas a novos agregados, de acordo com a informação partilhada pelo município.
Apesar disso, o número de famílias à espera de uma habitação municipal tem vindo a aumentar desde 2007, ano em que se contabilizavam 773 agregados.
No último ano, eram 1.245 as famílias que esperavam por uma casa, a maioria das quais de tipologia T1 (508 famílias) e T2 (502 famílias).
Segundo a autarquia, o tempo médio de espera por uma habitação ronda os três anos, apesar de ser “altamente volátil” e depender de candidatura para candidatura.
Entre as famílias que integram a lista, 20% recusaram uma primeira proposta de alojamento adequada à sua composição e necessidades, “mantendo-se a aguardar por uma segunda opção de casa, localizada nas freguesias que indicaram como preferencial”.
Segundo a autarquia, entre 2014 e 2021, dois em cada três pedidos de habitação não foram aceites pela Domus Social por não cumprirem os critérios da matriz de classificação.
Executivo do Porto discute projeto para 449 novos fogos no bairro S. João de Deus