Na sequência da declaração feita ao país por Luís Montenegro esta semana, sobre a atuação da polícia, Luís Marques Mendes considerou este domingo que a mesma não deveria ter sido feita nos moldes em que aconteceu — declaração ao país às 20h —, nem pelo primeiro-ministro, mas sim por Margarida Blasco, ministra da Administração Interna.
No seu habitual espaço de comentário, na SIC, Marques Mendes considerou que a declaração não terá sido feita por Margarida Blasco, “provavelmente, porque ela não tem o estatuto forte que um ministro da Administração Interna deve ter”. A declaração feita na passada quarta-feira “não tinha nenhuma gravidade especial que justificasse a atuação do primeiro-ministro. É uma má gestão das expectativas”, acrescentou, defendendo que o balanço da atuação da polícia poderia ter sido anunciado durante uma conferência de imprensa.
Por outro lado, Marques Mendes considerou positivo o ponto de o Governo estar a falar sobre segurança. “É bom que o Governo estimule mais polícia na rua, isso mostra às pessoas que está atento. Acho a coisa mais normal que o Governo fale sobre segurança. Acho que isto não é fazer o jogo do Chega. Dar combustível ao Chega é não fazer nada“.
“Portugal é um país seguro, mas é preciso não viver à sombra da bananeira”
Marques Mendes aproveitou ainda este tema para avisar que “o Governo “tem de ter mais cuidado” e para fazer referência ao “erro sério e lamentável” de Fernando Alexandre, ministro da Educação, que divulgou os números dos alunos sem aulas e, uma semana depois, reconheceu que os números estavam errados. “Há falhas que comprometem”, acrescentou.
Ainda assim, mesmo perante este cenário, Marques Mendes entende que o Governo não fará qualquer remodelação. “Nenhum primeiro-ministro, à esquerda ou à direita, faz uma remodelação ao fim de sete ou oito meses de governo. É preciso deixar passar, pelo menos, um ano de atividade governativa”.
“António Costa começou bem, mas não chega”
O comentador falou ainda sobre António Costa, que assumiu funções como Presidente do Conselho Europeu, defendendo que o antigo primeiro-ministro “entrou com o pé direito” por ter escolhido a Ucrânia como destino da primeira deslocação oficial.
Mas não ficou por aqui: “António Costa começou bem, mas não chega. Agora é que será a hora da verdade”. Marques Mendes considerou que “a União Europeia, neste momento, está sem estratégia nos assuntos mais importantes”, como é o caso do crescimento económico e das questões de segurança.
Protesto do Chega pela reposição de 5% do salário dos políticos “foi de muito mau gosto”
Sobre o protesto que o Chega fez esta sexta-feira na Assembleia da República durante a aprovação do Orçamento do Estado, Marques Mendes deixou a crítica: “Aquela ideia de colocar aquelas tarjas foi de muito mau gosto”.
As tarjas foram colocadas como forma de protesto contra a reposição de 5% do salário dos políticos. E neste contexto, Luís Marques Mendes esclareceu ainda que “não houve aumento nenhum”. “Ao longo destes anos, já todos os cortes do tempo da troika foram anulados. Acho que não é nenhum aumento, é a reposição de um corte que existiu”, acrescentou. E deixou uma sugestão: “Quando receberem o seu salário em janeiro, façam uma doação a uma instituição de solidariedade social. Agora, indignarem-se muito e depois receberem o dinheiro é que não faz sentido”.