A bitcoin superou, pela primeira vez, o patamar dos 100.000 dólares na madrugada desta quinta-feira, um novo recorde atingido depois de o Presidente-eleito Donald Trump ter confirmado a escolha de Paul Atkins para futuro líder da Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador dos mercados de capitais nos EUA. Atkins, um lobista de quem se dizia que estava “hesitante” em aceitar a nomeação para a SEC, é visto como alguém que tem visões favoráveis em relação às criptomoedas, pelo que a sua confirmação deu o “empurrão” que faltava para a valorização destes ativos digitais, incluindo o mais conhecido e valioso – a bitcoin.
Às primeiras horas desta manhã de quinta-feira, a bitcoin já valia 102.726,20 dólares norte-americanos, o que corresponde a cerca de 97.500 euros. Durante a madrugada, a criptomoeda atingiu um novo recorde perto dos 103.500 dólares, com valorizações também noutras criptomoedas como a ethereum, que superou os 3.900 dólares (embora na ethereum não se trate de um recorde porque esta superou os 4.000 dólares em 2021).
A expectativa é que Atkins, um defensor da criptografia que já foi comissário da SEC, introduza regras mais permissivas no mercado das criptomoedas – em contraste com Gary Gensler, que liderou a comissão durante a administração Biden. Gensler, que deverá apresentar a demissão no dia em que Trump tomar posse, tem autorizado alguns progressos na regulação das criptomoedas mas, no geral, é visto como um cético em relação a este setor.
A expectativa face ao nome escolhido por Trump para a SEC vinha fazendo a bitcoin aproximar-se dos 100 mil dólares nas últimas semanas, mas nunca tinha superado esse nível – a confirmação de que será Atkins deu o “empurrão” que faltava.
“As entradas de capital por via dos ETF de bitcoin dos EUA permanecem altos e ontem houve um registo de entradas na ordem dos 501 milhões”, dizem os analistas da corretora XTB Portugal, referindo-se à elevada compra de instrumentos derivados cujo desempenho está indexado ao valor da criptomoeda – algo que passou a ser possível no início deste ano.
A corretora alerta que os investidores de curto prazo na bitcoin terão comprado a criptomoeda em níveis próximos dos 75 mil dólares, o que faz com que “estes investidores estejam a registar ganhos na ordem dos 35% em média”. Isso significa que “se não houver grande fluxo de entradas de capital na bitcoin, podemos ver uma correção de curto prazo”.
No entanto, atualmente, as criptomoedas estão numa tendência de alta e a atividade dos ETF mostra, claramente, que existe muito interesse por parte dos investidores“, afirmam os analistas da XTB.
O sentimento positivo em relação à bitcoin acentuou-se à medida que se tornou cada vez mais provável que Trump fosse ganhar as eleições de 5 de novembro. Só no dia das eleições a bitcoin valorizou-se em 6.000 dólares, para um (então) novo recorde perto dos 75.000 dólares. Uma semana depois, a bitcoin já valia 90 mil dólares.
A valorização desta criptomoeda já soma 130% desde o início do ano, num período em que o índice bolsista mais importante na bolsa de ações norte-americana – o S&P 500 – regista ganhos a rondar os 28%.
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Noutros tempos, Trump mostrou ser um cético em relação à criptografia, chamando a estes ativos “não dinheiro”, “altamente voláteis e baseados no ar”. Porém, nos últimos anos assumiu uma posição diferente, no que foi interpretado como uma forma de atrair os eleitores mais jovens do sexo masculino, que têm maior tendência para ter investimentos em criptomoedas – ativos que não têm qualquer garantia de capital.
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