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O Governo britânico divulgou esta terça-feira ter mobilizado financiamento de emergência para ajudar a Ucrânia a reparar a rede energética e apoiar pessoas vulneráveis durante o terceiro inverno em guerra, tendo anunciado em simultâneo novas sanções contra a Rússia.
Num comunicado, o executivo adiantou ter concedido 35 milhões de libras de apoio (42 milhões de euros no câmbio atual), a maior parte do qual será usado em reparações de infraestruturas energéticas destruídas por bombardeamentos russos.
Segundo o Governo britânico, a Rússia lançou 11 ataques em grande escala contra as infraestruturas energéticas ucranianas este ano, deixando muitos ucranianos sem eletricidade nem aquecimento em alturas em que o país enfrenta temperaturas negativas.
Mais de dois terços da capacidade de produção de energia da Ucrânia foram ocupados, danificados ou destruídos, frisou o executivo liderado pelo trabalhista Keir Starmer, na mesma nota informativa.
Outra parte do pacote anunciado vai financiar apoio humanitário a pessoas afetadas, estimando-se que mais de 14,6 milhões de ucranianos necessitem de assistência.
A ajuda será prestada através do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que vai fornecer bens de primeira necessidade, e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que vai distribuir ‘kits’ térmicos rápidos, geradores, reparações de abrigos e pagamentos adicionais em dinheiro a pessoas afetadas.
No mesmo comunicado, o Reino Unido avançou ainda ter imposto sanções a mais 20 navios da chamada “frota fantasma” russa que, segundo Londres, transportou milhões de barris de petróleo russo ilícito em 2024, permitindo a Moscovo contornar as sanções ocidentais.
Londres alega já ter sancionado mais de 100 destes navios, incluindo 93 petroleiros, de forma a limitar receitas que possam ajudar a Rússia no esforço bélico do Presidente russo, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.
O executivo disse ainda que está a trabalhar com a Dinamarca, a Suécia, a Polónia, a Finlândia e a Estónia para interpelar estes “navios-fantasma” suspeitos ao longo da rota do Báltico.
“Enquanto as receitas petrolíferas de Putin continuam a alimentar os fogos da sua guerra ilegal, as famílias ucranianas suportam noites frias e escuras, muitas vezes sem aquecimento, luz ou eletricidade, vítimas dos implacáveis ataques de mísseis russos”, lamentou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
As sanções, frisou o líder britânico, “vão aumentar a pressão sobre a economia de guerra de Putin, que está a estagnar, ao mesmo tempo que reforçamos a capacidade da Ucrânia com novos financiamentos para apoio de emergência destinados a satisfazer as suas necessidades humanitárias e para reparações vitais do sistema energético, a fim de ajudar os ucranianos a viver o terceiro inverno da invasão ilegal em grande escala da Rússia”.
O anúncio desta terça-feira surge dias depois de o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmytro Kuleba ter acusado o Governo trabalhista de Starmer de ter reduzido o apoio à Ucrânia desde que entrou em funções, em julho.
Keir Starmer não visitou a Ucrânia desde que foi eleito.
Kuleba alegou, citado pelo jornal The Times, que os britânicos deixaram de liderar a comunidade internacional para passarem a seguir as posições dos Estados Unidos, referindo como teve uma conversa “desagradável” com Londres quando o Governo se recusou a permitir que os mísseis ‘Storm Shadow’ fossem disparados contra território russo sem a aprovação do Presidente norte-americano, Joe Biden.
A autorização para a utilização dos mísseis acabou por ser concedida em novembro.
“Boris Johnson colocou a fasquia alta. Rishi Sunak não teve outra opção senão cumprir e levá-la mais longe. Quando o Governo trabalhista entrou em funções, recebemos garantias sólidas de que as coisas continuariam como estavam. Em grande medida, foi o que aconteceu – exceto a história dos ‘Storm Shadows'”, afirmou Kuleba, recordando as posições assumidas pelos anteriores executivos britânicos liderados por conservadores.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).