A Câmara de Lisboa aprovou uma proposta do Livre para uma homenagem, a título póstumo, a Salgueiro Maia, um dos capitães na Revolução de 25 de Abril de 1974, tendo decidido atribuir-lhe a Chave de Honra da Cidade.
“Fernando José Salgueiro Maia, o ‘capitão sem medo’, foi o rosto da ação militar revolucionária que pôs fim à mais antiga ditadura da Europa e que conduziria ao fim da mais longa Guerra Colonial em África”, afirmou Patrícia Gonçalves, vereadora do Livre, na apresentação da proposta em reunião pública do executivo municipal.
A proposta foi aprovada por unanimidade, determinando uma homenagem, a título póstumo, com a atribuição da Chave de Honra da Cidade de Lisboa a Salgueiro Maia, “em reconhecimento pelos serviços prestados e em louvor do seu combate pela democracia, pela cidadania, pela liberdade, pela paz em Lisboa e em Portugal”.
“Todas as homenagens a Salgueiro Maia nunca serão demais. Sobretudo em Lisboa, palco da história de que foi o maior protagonista”, disse a vereadora do Livre, referindo que a ideia desta homenagem foi do munícipe Fernando Antunes.
A proposta surgiu no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, que se comemoraram este ano, e o que se pretende agora é que a atribuição da Chave de Honra da Cidade possa ocorrer “no decorrer do mês de abril de 2025”, se possível, no dia 25 de abril ou, em alternativa, no dia 2 em que foi aprovada a Constituição da República Portuguesa de 1976 ou no dia 4 em que Salgueiro Maia faleceu.
A Chave de Honra da Cidade é atribuída a personalidades de reconhecido mérito que se notabilizaram e prestaram relevantes serviços à cidade, indicou a vereadora Patrícia Gonçalves.
Para o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), a homenagem a Salgueiro Maia é “uma ideia extraordinária para a cidade” e “uma homenagem justíssima”, afirmando que este capitão de Abril foi “um homem absolutamente único na história do país”.
Beatriz Gomes Dias, do BE, realçou o 25 de Abril de 1974 como das “datas mais extraordinárias” da História coletiva de Portugal, que “pôs fim a 13 anos de violência, de tortura, de morte e de muito sofrimento”, com a libertação dos povos dos países africanos que foram ocupados por Portugal.
Também o PCP e o PS se associaram a esta distinção a Salgueiro Maia, destacando o papel que teve na Revolução de Abril.
Neste âmbito, o vereador do PCP João Ferreira questionou o “facto bastante incómodo que está por resolver” sobre a atribuição da Medalha de Honra da Cidade a Celeste Caeiro, que tornou o cravo símbolo do 25 de Abril de 1974, uma vez que a mulher morreu sem receber essa homenagem, que já estava aprovada há seis meses.
“A intenção era entregar a Medalha e, infelizmente, fomos tarde demais”, afirmou Carlos Moedas, referindo que “o mais depressa possível” será feita essa homenagem, a título póstumo, em articulação com a família de Celeste Caeiro.
Por proposta da liderança PSD/CDS-PP, a câmara aprovou, por unanimidade, a atribuição da Medalha Municipal de Mérito Desportivo aos futebolistas António José Conceição Oliveira, conhecido por Toni, e Vicente da Fonseca Lucas, apelidado de Mandjombo.
Neste âmbito, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, alertou para o “desequilíbrio de género que existe na atribuição de medalhas”, referindo que nas Medalhas de Mérito da Cidade há a distinção de 24 homens e três mulheres, o que representa “uma desproporcionalidade muito significativa”, o que também acontece nas Medalhas de Honra.
Cátia Rosas, do PS, referiu que o executivo aprovou propostas para a atribuição de medalhas a personalidades do sexo feminino, inclusive às mulheres de Abril, mas continuam por entregar.
O presidente da Câmara de Lisboa acolheu essa preocupação sobre a necessidade de existir um equilíbrio de género nas homenagens do município, referindo que houve neste mandato uma evolução neste sentido quanto à atribuição de nomes de ruas na cidade, com cerca de 30% destinados a mulheres, quando no passado a média era na ordem dos 14%.