A menos de três dias do prazo final para a apresentação de um plano de financiamento federal, Donald Trump rejeitou a proposta bipartidária apresentada esta quarta-feira pela Câmara dos Representantes. Com isto, o Presidente eleito dos Estados Unidos da América força o presidente deste órgão do Congresso norte-americano, Mike Johnson, e os seus representantes do Partido Republicano, a negociar um plano alternativo em menos de 72 horas.

Num comunicado partilhado pelo próximo vice-presidente dos EUA, JD Vance e Trump dizem que a proposta apresentada “daria disposições favoráveis aos censuradores do governo” e permitiria também esconder registos do “comité corrupto do 6 de janeiro” — data em que ocorreu a invasão ao capitólio norte-americano em Washington. Adicionalmente, afirmam que este plano iria aumentar o salário dos membros do Congresso, “enquanto muitos americanos estão a passar dificuldades no Natal”.

“Os republicanos querem apoiar os nossos agricultores, pagar a ajuda em casos de catástrofes naturais e preparar o nosso país para o sucesso em 2025. A única forma de o fazer é através de uma proposta de lei de financiamento temporário, SEM OS BRINDES DEMOCRATAS, combinada com um aumento do teto da dívida. Tudo o resto é uma traição ao nosso país”, lê-se no comunicado. Vance e Trump pedem aos membros republicanos da Câmara dos Representantes que “sejam inteligentes e duros“, e para não ouvirem “ameaças” do Partido Democrata. “Este caos não estaria a acontecer se tivéssemos um Presidente verdadeiro. Vamos ter um daqui a 32 dias!”, concluem.

Em 1.500 páginas, o documento apresentado esta quarta-feira financiaria o governo federal até ao dia 14 de março, disponibilizando mais de 100 mil milhões de dólares (96,6 mil milhões de euros) em apoios de emergência aos estados e comunidades afetadas pelos furacões Milton e Helene e outros desastres naturais que abalaram o país este ano.

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Imediatamente após a proposta ter sido divulgada, uma das duas cabeças encarregues pelo novo Departamento de Eficiência Governamental foi vocal na sua oposição ao plano. “Esta proposta não deve passar. Qualquer membro da Câmara ou do Senado que vote a favor desta proposta ultrajante merece ser votado fora daqui a dois anos“, escreveu Elon Musk na rede social X.

No entanto, esta posição tomada pela futura liderança do país não foi bem aceite por toda a bancada republicana. Mitt Romney, o senador republicano do Utah, expressou a sua confusão pelas indicações afirmadas por Trump. “O que é que o Presidente Trump quer que os republicanos façam: votem a favor da [proposta] ou encerrar o governo? Na ausência de direção, reina a confusão“, escreve Romney na rede social X.

Do outro lado da moeda, mas de uma forma expectável, os representantes democratas demonstraram a sua oposição à rejeição promovida pelo Presidente eleito. Citado pela Associated Press, Jamie Raskin diz que este cenário “é o problema de ter uma oligarquia, uma mão de pessoas ricas que manda em tudo e é suposto todos viverem com medo delas; e a sua riqueza torna-se um instrumento de poder coercivo sobre tudo”.

Contudo, com a contagem decrescente até à meia-noite desta sexta-feira (5h00 de sábado, em Portugal), é esperado que os democratas trabalhem em conjunto com Mike Johnson e os representantes republicanos do Senado para garantir a viabilização de uma proposta de financiamento federal que corresponda às exigências de Donald Trump.