O novo líder do governo da região semiautónoma chinesa de Macau, Sam Hou Fai, prometeu esta sexta-feira, após tomar posse, “promover uma cooperação abrangente e mutuamente benéfica com os países de língua portuguesa”.

Durante uma cerimónia a celebrar o 25.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Sam garantiu que irá aproveitar “plenamente o estatuto, as funções e as vantagens especiais únicas” do território.

Pequim estabeleceu em 2003 Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

A organização tem como membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe (desde 2017) e Guiné Equatorial (desde 2022).

“Iremos melhorar o mecanismo para melhor desempenhar um papel na abertura do país”, disse Sam Hou Fai.

“Devemos aproveitar as nossas vantagens únicas e fortalecer as ligações internas e externas”, acrescentou o novo líder.

Sam Hou Fai, o primeiro chefe do Executivo de Macau que domina a língua portuguesa, discursou em cantonês, não tendo sido disponibilizada qualquer tradução para português, ao contrário do que é hábito na região.

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Questionado pela Lusa, o Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau não fez qualquer comentário.

Sam Hou Fai apontou ainda como prioridade “criar um polo para a atração de talentos internacionais de alto nível” que possam apoiar “a diversificação sustentada, saudável e moderada da economia” de Macau, altamente dependente do turismo e dos casinos.

Depois da cerimónia, em declarações aos jornalistas, sem direito a perguntas, o novo secretário para a Economia e Finanças, Anton Tai Kin Ip, prometeu apostar no “desenvolvimento das singularidades de Macau” e reforçar as políticas de atração de profissionais qualificados.

Também a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, defendeu a necessidade de “aproveitar melhor as vantagens da mistura de culturas ocidental e oriental” para construir em Macau “um local de agregação de quadros qualificados”.

Novo líder de Macau quer atrair mais “talentos internacionais”

Macau implementou em julho de 2023 um programa de captação de quadros qualificados do setor financeiro e das áreas de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, entre eles Prémio Nobel. O programa prevê, entre outras vantagens, benefícios fiscais.

No final de outubro, o secretário-geral da Comissão de Desenvolvimento de Talentos disse que Macau aprovou 464 das mais de mil candidaturas ao programa.

Chao Chong Hang admitiu que a esmagadora maioria destes quadros vem da China continental (80%) ou de Hong Kong (10%), mas sublinhou que 47% têm “experiência de trabalho ou de estudo no estrangeiro”.

Especialistas disseram à Lusa que o programa tem critérios mais apertados do que outras jurisdições rivais e oferece vistos demasiado curtos.