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O comandante-chefe da Guarda Revolucionária iraniana, general Hossein Salami, sublinhou, esta segunda-feira, que o poder militar da corporação ultrapassa as fronteiras do Irão e rejeitou que o país persa tenha saído enfraquecido pelos golpes sofridos pelos seus aliados anti-israelitas.

“O nosso poder ultrapassa as fronteiras do Irão e todos os nossos inimigos devem ajustar os seus cálculos de acordo com este enorme poder, porque o seu primeiro erro pode ser o seu último”, advertiu Salami, em comentários feitos a bordo do navio de guerra “Shahid Rudaki” nas águas do Golfo Pérsico, ao largo da cidade portuária de Bandar Abbas, informou a agência noticiosa Tasnim.

Salami disse que nenhuma potência mundial poderá ultrapassar a Guarda Revolucionária em terra, mar ou ar, devido à ligação à “inspiração divina e aos princípios morais”.

O comandante da Guarda Revolucionária rejeitou a ideia de que Teerão tenha saído enfraquecido pela queda do seu aliado, o deposto Presidente sírio, Bashar al-Assad, e pelos golpes infligidos por Israel ao Hezbollah libanês e ao Hamas palestiniano, que, juntamente com os Huthis, do Iémen, e as milícias iraquianas, constituem a aliança informal do “Eixo da Resistência” liderada pelo Irão.

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“O Irão não perdeu as suas armas”, afirmou, recordando que as duas operações denominadas “Verdadeira Promessa” contra Israel foram lançadas diretamente por Teerão e não por grupos aliados.

“Poderíamos ter transferido armas para os países da frente da Resistência, mas fomos nós que realizámos a operação”, afirmou.

Líder supremo do Irão culpa EUA e Israel pela queda de Presidente sírio

As observações de Salami surgem um dia depois de o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ter afirmado que o seu país não tem “forças por procuração” (proxy forces) no Médio Oriente.

Salami reiterou que os grupos conhecidos como aliados da República Islâmica operam “de forma independente e nos seus próprios interesses dentro do seu território”.

“Ninguém está dependente de ninguém. Enquanto nós fornecemos ao Eixo da Resistência o máximo apoio espiritual e político, eles obtêm e produzem as suas próprias armas, tal como nós”, afirmou.

O comandante-chefe da Guarda Revolucionária rejeitou as alegações de que o Irão fornece armas e financia grupos como o Hezbollah, o Hamas e os Huthis do Iémen.

Também esta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano declarou o seu apoio à soberania da Síria após a queda do regime de al-Assad, afirmando, no entanto, não ter “contacto direto” com os novos líderes sírios.

“A nossa posição de princípio sobre a Síria é muito clara: preservar a soberania e a integridade” do país “e permitir que o povo sírio decida o seu futuro sem interferência estrangeira”, afirmou o porta-voz do ministério, Esmaïl Baghaï, acrescentando que a Síria não pode tornar-se um “covil para o terrorismo”.

A 8 deste mês, uma coligação de rebeldes liderada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e apoiada por Ancara entrou em Damasco e anunciou a queda do poder, depois de uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu apoderar-se de grande parte do território.

O HTS, antigo braço sírio do grupo extremista Al-Qaida, garante ter-se afastado do “jihadismo”, mas continua classificado como “terrorista” por várias capitais ocidentais e também pela União Europeia (UE).

Abandonado pelos seus aliados iranianos e russos, al-Assad, que governou o país com mão de ferro durante 24 anos, fugiu para Moscovo, marcando o fim de mais de 50 anos de governo do clã Assad.

A Rússia e o Irão, com as suas milícias aliadas e, nomeadamente, o poderoso Hezbollah, foram os principais apoiantes do poder de al-Assad durante a guerra civil, que começou em 2011 e provocou cerca de 500 mil mortos e milhões de deslocados.

Durante a conferência de imprensa realizada esta segunda-feira, Esmaïl Baghaï indicou que o Irão “não teve contacto direto” com os novos líderes sírios, um dia depois de uma reunião entre o líder do HTS, Ahmad al-Chareh, e o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, em Damasco.

Desde a deposição de al-Assad, diplomatas de diferentes países deslocaram-se a Damasco para se reunirem com as novas autoridades.