A Rede Síria para os Direitos Humanos (SNHR) estima que 112.414 pessoas desaparecidas durante o governo deposto do ex-Presidente sírio Bashar al-Assad continuem por localizar e receia que a maioria esteja morta.
A organização não-governamental, citada em múltiplas ocasiões por entidades internacionais de direitos humanos como a Amnistia Internacional e pelas Nações Unidas, começou a recolher informações detalhadas das prisões sírias e a entrevistar prisioneiros libertados durante e após a ofensiva rebelde que conduziu ao fim do regime de al-Assad, em 08 de dezembro.
A SHNR refere que “nas últimas semanas foram encontradas numerosas valas comuns contendo os corpos e restos mortais de milhares de vítimas executadas extrajudicialmente”, embora estes supostos lugares de enterros coletivos ainda estejam sob investigação.
Em todo o caso, a organização, sediada no Reino Unido mas com uma rede de colaboradores presente na Síria, assinala que se trata de “pessoas desaparecidas à força, uma vez que os seus corpos não foram devolvidos às suas famílias e os seus destinos não foram conclusivamente esclarecidos”.
Para a SHNR, “serão necessários esforços intensos e contínuos para revelar toda a verdade sobre o destino de cada uma destas vítimas”.
A base de dados da SNHR inclui registos de cerca de 136 mil pessoas que foram detidas ou desapareceram à força durante o regime do partido Baas, do ex-Presidente Assad.
A organização também documentou a libertação de cerca de 24.200 prisioneiros de centros de detenção em toda a Síria desde a queda do regime.
A entidade apela à comunidade internacional para “intensificar os seus esforços e garantir a responsabilização e justiça para as vítimas e as suas famílias, bem como promover a proteção dos Direitos Humanos na Síria”.
Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, após uma operação relâmpago de uma coligação de grupos armados rebeldes, foram libertadas várias prisões políticas, incluindo Sednaya e Palestina, em Damasco, onde milhares de prisioneiros se encontravam em condições desumanas, e com um longo histórico de pessoas desaparecidas e executadas.
As Nações Unidas estimam, por outro lado, que a guerra civil, que se prolongava desde 2011, tenha provocado a morte de pelo menos 350 mil pessoas, entre forças governamentais, rebeldes e civis, até março 2021, mas várias organizações colocam este número acima de meio milhão de vítimas.