Elon Musk defende que o partido britânico Reform “precisa de um novo líder”, afirmando que Nigel Farage, o atual dirigente, “não tem o que é preciso” para a tarefa. A afirmação foi feita este domingo na rede social X, antigo Twitter, que é propriedade de Musk desde outubro de 2022.

A publicação de Elon Musk contra Nigel Farage foi feita após os comentários do dono da Tesla e SpaceX sobre a revelação de esquemas de grooming de crianças (aliciamento de menores para fins sexuais) em Oldham, Manchester e Rochdale, no Reino Unido, entre 2010 e 2014.

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Musk criticou nos últimos dias Keir Starmer, que na altura das investigações diretor da procuradoria pública, e o governo britânico sobre a resposta ao escândalo. Este domingo, voltou à carga, apelando à demissão do primeiro-ministro britânico. “Ele é uma vergonha nacional”, escreveu.

O governo britânico já reagiu em várias ocasiões. Em declarações à imprensa esta semana, citadas pela BBC, Wes Streeting, o ministro da Saúde britânico, frisou que o governo está a levar o tema da exploração sexual infantil “extremamente a sério”.

“Acho que algumas das críticas que Elon Musk fez são um erro de julgamento e certamente desinformadas, mas estamos disponíveis para trabalhar com Elon Musk, que acho que tem um grande papel a desempenhar na sua plataforma de rede social para nos ajudar e a outros países a responder de forma séria a esta questão. Por isso, se ele quer trabalhar connosco e arregaçar as mangas será bem-vindo.”

Este domingo, também no X, o empresário sul-africano acusou o Partido Trabalhista de “cumplicidade” por se opor “a uma investigação nacional à violação em massa de meninas em Inglaterra”.

Elon Musk tem estado em rota de colisão com o governo britânico há alguns meses devido à postura adotada em relação ao discurso de ódio online. Uma disputa que se adensou nos últimos dias, Na rede social, o multimilionário defendeu a libertação de Tommy Robinson, cujo verdadeiro nome é Stephen Yaxley-Lennon. “Libertem Tommy Robinson!”, escreveu Musk a 2 de janeiro.

Robinson, que fundou um grupo nacionalista e anti-imigração chamado Liga de Defesa Inglesa (English Defence League), está preso desde outubro depois de ter sido condenado a 18 meses de prisão por repetir alegações falsas contra um adolescente sírio refugiado.

Tommy Robinson, o ativista de extrema-direita que impulsiona motins no Reino Unido a partir de um resort de luxo no Chipre

O apoio a Tommy Robinson criou uma divisão entre Musk e Nigel Farage e o seu partido de direita Reform. Ainda que em entrevistas Farage tenha defendido o direito à liberdade de expressão defendido por Musk, também tem tentado manter a distância em relação ao britânico, evitando embarcar na onda de apoio a Robinson.

“Bem, isto é uma surpresa!”, reage Nigel Farage

Nigel Farage liderou o Reform durante o referendo do Brexit, que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia em 2016 (na altura o partido era conhecido como Brexit Party). Regressou à liderança do partido em 2024, após ter sido deputado.

Também no X, Farage reagiu à publicação de Musk sobre a sua substituição. “Bem, isto é uma surpresa! Elon é um indivíduo notável mas tenho de discordar nesta questão”, escreveu. “O meu ponto de vista continua a ser que Tommy Robinson não é certo para o Reform e nunca abro mão dos meus princípios.”

No mês passado, foi anunciado que Musk era um dos milionários interessados em fazer donativos ao partido reformista de Farage. Porém, não é conhecido se o donativo aconteceu e qual o montante.

Reino Unido. Elon Musk entre vários bilionários que vão doar dinheiro ao partido de Nigel Farage

Até aqui, Nigel Farage tem sido elogioso em relação a Musk, aproximando-se da figura que é agora um dos homens mais próximos de Donald Trump, o Presidente eleito dos EUA. Farage disse que o empresário sul-africano “é uma figura absoluta de herói” e que “tem sido muito útil para a causa” do partido no Reino Unido.

No mês passado, Farage esteve com Donald Trump e Elon Musk na Flórida, nos EUA.