Uma corrida, uma exposição itinerante e um catálogo são algumas iniciativas que vão assinalar os 700 anos da morte do rei D. Dinis, segundo o programa esta terça-feira apresentado em Odivelas, no mosteiro mandado erigir pelo monarca em 1295.

A programação resulta de um protocolo assinado esta terça-feira pela Câmara Municipal de Odivelas, pelo instituto Património Cultural e pela empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, numa cerimónia à qual assistiram personalidades como a secretária de Estado da Cultura, Maria de Lourdes Craveiro, e o chefe da casa real portuguesa, Duarte de Bragança.

Esta terça-feira foram também apresentados os resultados preliminares da reconstituição do rosto de D. Dinis por uma equipa de investigadores, liderada por Eugénia Cunha, catedrática da Universidade de Coimbra.

Eugénia Cunha disse que o retrato foi realizado em 3D, “com base em dados seguros”, tendo sido executado pela Universidade de Liverpool, no Reino Unido.

Sobre a reconstituição facial ficou a saber-se que o monarca morreu com a dentição completa, facto raro para a época, disse a investigadora Eugénia Cunha, que referiu que os olhos seriam azulados, teria a pele clara e os cabelos também de tonalidade clara, tendo sido encontrados no túmulo evidências de cabelos ruivos, castanhos claros e grisalhos.

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O túmulo com os restos mortais do rei D. Dinis (1261-1325) foi alvo de um processo de restauro e intervenção multidisciplinar iniciado em 2016, num projeto mais alargado de intervenção do próprio mosteiro, que resultou em várias obras de restauro, nomeadamente os claustros.

Para a secretária de Estado, estas comemorações devem ser “a afirmação do pensamento crítico”.

As comemorações, oficialmente, começam esta terça-feira, data em que o monarca morreu em 1325, em Santarém, tendo sido sepultado no mosteiro de Odivelas, por vontade testamentária, e terminam no próximo dia 09 de outubro, coincidindo com a data do seu nascimento, em 1261, em Lisboa.

O programa das comemorações “está ainda em aberto”, podendo diferentes entidades associar-se, bastando para tal inscrever-se no site do mosteiro, associado ao da Câmara odivelense, disse o vice-presidente do município, Edgar Valles (PS).

Uma das iniciativas anunciadas é uma corrida no próximo dia 7 de junho, em Odivelas, estando também previsto um concerto de música de câmara, em parceria com o Patriarcado de Lisboa, em data a anunciar.

Nos dias 27 e 28 de junho realiza-se, no Mosteiro de Odivelas, um congresso internacional intitulado “D. Dinis Repensar o Rei e o Homem”.

A 18 de abril inicia-se uma exposição itinerante, com uma componente multimédia, que ajudará a compreender o monarca, a sua época e a divulgar junto do público os resultados do projeto de Conservação e Restauro do Túmulo de D. Dinis.

Está também previsto um ciclo que se deverá intitular “Cantar e Dizer Trovas d’El Rei D. Dinis”, por “figuras públicas”, adiantou o mesmo responsável.

O presidente da Museus e Monumentos de Portugal, Alexandre Pais, afirmou que D. Dinis, em 46 anos de reinado “deixou uma boa lavra ao país”.

A política de D. Dinis levou à criação da Marinha portuguesa, tendo mandado vir de Génova o almirante genovês Manuel Pessanha para a sua organização.

À iniciativa do monarca se deveu a fundação da primeira universidade portuguesa, e projetos de ordenamento do território de que se destaca o Pinhal de Leiria.

Após o ciclo celebrativo, no Mosteiro de Odivelas, está também previsto uma exposição permanente sobre o rei, onde serão expostos vários objetos que se encontravam em contexto tumular, nomeadamente a espada e “têxteis sem paralelo”, disse o presidente do Património Cultural, João Soalheiro.