O Ministério Público francês acusou formalmente Isaac Steidl, fundador do site para adultos “coco.fr” utilizado para cometer crimes sexuais, incluindo o de Dominique Pelicot, que recrutou dezenas de homens para violarem a sua mulher, Gisèle, quando esta estava inconsciente depois de a drogar.
O criador do site, de 44 anos, já tinha sido detido esta terça-feira, depois de se ter entregado voluntariamente à polícia para ser interrogado. Tinha sido intimado a apresentar-se em França e concordou em viajar para Paris para se apresentar à polícia, que teve ao seu dispor 96 horas para ouvir o engenheiro informático.
Steidl foi acusado de uma série de crimes, incluindo o de “administração de uma plataforma em linha para facilitar uma transação ilegal” por um grupo organizado, segundo informa o The Guardian. Os advogados que representam Steidl não quiseram fazer comentários após a sua detenção, dizendo aos meios de comunicação social que o homem iria “guardar as suas declarações” para o magistrado responsável pelo inquérito.
Detido o criador do site usado por Dominique Pelicot para recrutar homens que violaram Gisèle
Em junho do ano passado as autoridades francesas determinaram o encerramento da plataforma, que já tinha sido mencionada em 23.051 processos judiciais ligados a 480 vítimas, incluindo homicídios.
A imprensa francesa noticiou que Steidl criou o site em 2003 com a ajuda dos pais e com um investimento de 2.000 euros, pouco depois de se ter licenciado em engenharia informática. O espaço web foi alegadamente criado como uma plataforma para encontros românticos, mas rapidamente atraiu a atenção de traficantes de droga, pedófilos e criminosos sexuais. Após a detenção de Pelicot, o site foi bloqueado em França, mas ainda se manteve operacional alguns anos, alojado num domínio web estrangeiro.
Segundo os relatórios da polícia francesa, que incluem as mensagens trocadas entre os agressores reveladas pela CNN Internacional, o contacto inicial entre Dominique e os restantes agressores acontecia sempre no mesmo site, o “Coco.fr”.
Deste site, o principal agressor e seus angariados seguiam muitas vezes para o Snapchat, rede social conhecida pela opção de envio de imagens e vídeos temporárias, e para o Skype, onde o cérebro do esquema de violações em série fazia vídeochamadas preparatórias com os “candidatos” a violarem a sua própria mulher.