O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, acusou, esta quinta-feira, o antigo presidente da estrutura regional Carlos Pereira de prejudicar o partido e a região ao defender a realização de eleições internas antes da marcação das legislativas regionais antecipadas.

“Eu não me vou desviar nem um milímetro daquilo que é o meu objetivo, pelo qual estou mandatado, de provocar e conseguir a mudança política na região. Se há militantes do Partido Socialista que não querem, essa responsabilidade será deles, porque, neste momento, Carlos Pereira prejudica o Partido Socialista, mas prejudica a região, obviamente”, afirmou.

Paulo Cafôfo, que falava aos jornalistas após uma reunião com a AITRAM — Associação Industrial de Táxi da Região Autónoma, no Funchal, reagia assim à notícia divulgada, esta quinta-feira, pelo DN/Madeira, dando conta de que Carlos Pereira defende a realização de eleições primárias no partido.

O antigo presidente da estrutura regional do PS e atual deputado na Assembleia da República, eleito pelo círculo de Lisboa, considera que o facto de não ser possível realizar eleições regionais antecipadas em 9 de março, como pretendia a maioria dos partidos com assento no parlamento madeirense, abre uma margem temporal suficiente para avançar com eleições internas.

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O governo regional minoritário do PSD foi derrubado em 17 de dezembro de 2024 com a aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as investigações judiciais que envolvem Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos.

A aprovação da moção de censura, inédita na Região Autónoma da Madeira, implicou, segundo o respetivo o Estatuto Político-Administrativo, a demissão do governo regional, constituído em 6 de junho, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.

Na terça-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ouviu os sete partidos representados no parlamento regional — PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, IL e — e convocou o Conselho de Estado para o dia 17 de janeiro, pelas 15h00, para analisar a crise política na Madeira e decidir sobre a eventual marcação de eleições antecipadas.

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De acordo com o DN/Madeira, o antigo líder do PS na região considera, por isso, haver margem para avançar com eleições internas, considerando ser necessário criar uma alternativa dentro do partido, o maior da oposição madeirense, com 11 deputados no parlamento regional.

“As divergências nos partidos são normais e esta questão do Carlos Pereira não é nenhuma novidade”, disse Paulo Cafôfo, sublinhando, no entanto, que o objetivo do antigo líder é que a escolha do candidato do PS a presidente do governo regional seja feita por “outras pessoas” e não pelos militantes.

Paulo Cafôfo, que foi reeleito presidente do PS/Madeira em 2 de dezembro de 2023, salientou, por outro lado, que os estatutos do partido não preveem a realização de eleições primárias e criticou Carlos Pereira por não ter tido a “coragem” de o defrontar nas últimas eleições internas.

“É preciso, aqui, dizer quem manda no Partido Socialista são os militantes do Partido Socialista”, afirmou.