O Project Liberty, fundado pelo multimilionário norte-americano Frank McCourt, formalizou esta quinta-feira a proposta para comprar os ativos do TikTok nos EUA. A proposta é feita um dia antes de serem ouvidos os argumentos dos responsáveis da aplicação no Supremo Tribunal dos EUA e a alguns dias do prazo de 19 de janeiro, determinado pela Justiça para obrigar o TikTok a cortar relações com a China ou ser bloqueado no país.
O Project Liberty é uma organização sem fins lucrativos de McCourt, que é dono do clube de futebol francês Marselha e antigo dono da equipa de basebol Los Angeles Dodgers. Em junho do ano passado, o empresário demonstrou interesse em comprar a versão norte-americana da app. Kevin O’Leary, o empresário que ganhou popularidade com o programa Shark Thank, também está envolvido nesta proposta do projeto.
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A proposta é intitulada “The People’s Bid for TikTok”, a proposta do povo para o TikTok, numa tradução livre. Em comunicado, é explicado que “entregaram uma proposta à ByteDance”, a empresa-mãe do TikTok, para sinalizar o interesse nos ativos norte-americanos. “A proposta tem como objetivo preservar a comunidade vibrante da plataforma, ao mesmo tempo que dá a capacidade a 170 milhões de tiktokers americanos de controlar, proteger e beneficiar dos seus dados.”
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“Ao manter a plataforma viva sem continuar a depender do atual algoritmo do TikTok e ao evitar um bloqueio, milhões de americanos vão continuar a aproveitar a plataforma”, diz Frank McCourt em comunicado. Também mostra “entusiasmo em trabalhar com a ByteDance, com o Presidente eleito Trump e a futura administração para concretizar este negócio”.
Sem revelar os valores apresentados, o grupo explica que quer “transferir a base de utilizadores do TikTok” para uma “infraestrutura americana”, com a mínima interrupção nesta transição.
O Project Liberty revela ainda que tem capacidade financeira para concluir a aquisição, até pela “expressão de interesse dos investidores”, que incluem “grandes fundos de capital privado, family offices e personalidades com elevado património”.
Kevin O’Leary vai ser o porta-voz da iniciativa. Em comunicado, refere que esta “é a proposta que pode salvar o TikTok”. “O Project Liberty juntou as pessoas certas, a visão certa e a tecnologia certa para evitar um bloqueio.”
Até aqui, o TikTok frisou em várias ocasiões que não tem interesse em vender os ativos nos EUA, contestando o cenário de bloqueio. O Observador contactou fonte do TikTok para obter uma reação à proposta, aguardando resposta.
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Em dezembro, o TikTok argumentou que bloquear a aplicação nos EUA poderá custar aos pequenos negócios e criadores de conteúdos norte-americanos 1.300 milhões de dólares de receitas em apenas um mês, cerca de 1.260 milhões de euros.
A aplicação recorreu em dezembro ao Supremo Tribunal dos EUA para evitar o bloqueio, alegando que a lei promulgada por Joe Biden no início de 2024 viola a liberdade de expressão dos mais de 170 milhões de utilizadores no país.