O PCP manifestou-se esta quarta-feira preocupado com a possibilidade de o Novo Banco avançar com um despedimento coletivo e exigiu a Vitor Bento que esclareça de que forma será feita a reestruturação da instituição financeira.

“Há muitas preocupações entre os trabalhadores. Estamos perante a possibilidade de assistir ao maior despedimento coletivo do Portugal democrático”, disse Jorge Pires, da comissão política do PCP.

Falando aos jornalistas após um encontro de cerca de duas horas com a comissão sindical do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (SINTAF) do Grupo Banco Espírito Santo (GBES)/Novo Banco, Jorge Pires manifestou-se preocupado com “todo o conjunto de trabalhadores do grupo, que ronda os 25 mil”, no âmbito do plano de reestruturação admitido por Vitor Bento.

“Sabemos que há compromissos com a ‘troika’, escritos, que vão no sentido de recapitalizar os bancos com dinheiros públicos, mas que essa recapitalização tem de ser precedida de um compromisso dos bancos de fazerem as chamadas reestruturações, ou seja, o redimensionamento das empresas aos negócios o que, numa linguagem que os trabalhadores percebem, significa despedimentos e encerramentos de balcões”, declarou o responsável do PCP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assegurando o apoio do partido “na luta dos trabalhadores do antigo Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES)”, Jorge Pires insistiu que “é objetivo do Governo e do Banco de Portugal avançar para a reestruturação”, o que o PCP repudia.

“Nós não aceitamos e os trabalhadores estão disponíveis para lutar pelos seus direitos que são o direito ao trabalho e o direito ao salário”, sublinhou.

Na passada quinta-feira, Vítor Bento disse, em entrevista à SIC, que está a preparar uma reestruturação no Novo Banco, admitindo que isso poderá passar pela redução de balcões e por despedimentos.

O plano, adiantou, deverá estar pronto daqui a um máximo de três meses, e o objetivo é redimensionar o banco e torná-lo rentável.

As respostas a estas e outras questões serão colocadas pelo SINTAF, na quinta-feira à tarde, numa reunião com o presidente do Novo Banco.

“Queremos saber em que ponto está o plano de reestruturação. Queremos dizer [a Vitor Bento] que qualquer solução que passe por cortes salariais ou um despedimento coletivo, da parte do SINTAF e em conjunto com os trabalhadores, faremos tudo para que isso não aconteça”, declarou por seu turno a coordenadora da comissão sindical do SINTAF, Rute Pires, no final do encontro com a delegação do PCP.

No total, e de acordo com Rute Pires, são perto de 10 mil os trabalhadores – cerca de 7 mil do Novo Banco e mais de 2 mil da seguradora Tranquilidade – que correm o risco de serem despedidos no âmbito do plano de reestruturação.

Na noite de domingo, 3 de agosto, o Banco de Portugal tomou controlo do BES e anunciou a separação da instituição num banco mau (‘bad bank’), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num ‘banco bom’, o banco de transição chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos considerados não problemáticos e que receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução bancário.

O Fundo de Resolução bancário, que vai capitalizar o Novo Banco, foi criado em 2012 para intervir financeiramente em bancos em dificuldades, aplicando as medidas determinadas pelo Banco de Portugal. Este fundo é financiado pelas contribuições regulares dos mais de 80 bancos com atividade em Portugal e por contribuições extraordinárias em caso de crise num banco em particular.