O dirigente do Bloco de Esquerda (BE), José Gusmão, considerou hoje que os números da execução orçamental agora conhecidos demonstram um “enorme fracasso”, sublinhando que o aumento do défice está associado a um aumento da dívida pública.
“Estes números da execução orçamental demonstram um enorme fracasso naquele que tem sido avançado como o principal objetivo do governo: existe um aumento do défice, esse aumento do défice está associado a um aumento da dívida pública para 20 pontos percentuais acima daquilo que tinha sido prometido com a intervenção da ‘troika'”, afirmou José Gusmão, em declarações aos jornalistas no parlamento.
De acordo com a síntese de execução orçamental publicada hoje pela Direção-Geral de Orçamento (DGO), o défice das administrações públicas foi de 5.823,4 milhões de euros até julho deste ano. Ainda segundo os dados de execução orçamental, o Estado arrecadou quase 19,9 mil milhões de euros líquidos em receita fiscal até julho, um aumento de 735,1 milhões perante igual período de 2013.
Aludindo à justificação do Governo para o aumento da despesa, relacionada com a reposição dos salários da função pública e o pagamento do subsídio de férias, José Gusmão lamentou que o executivo não fala da “derrapagem” de 350 milhões de euros dos juros e encargos da dívida. “Mostra uma bola de neve, que é a divida pública, que está a esmagar a sustentabilidade das nossas contas públicas”, referiu.
José Gusmão referiu-se ainda ao aumento da receita fiscal, considerando que a retoma que indicia apenas foi possível com a decisão do Tribunal Constitucional “que protegeu o rendimento das famílias” ao pronunciar-se pela reposição dos salários no setor público.