David Neeleman, um dos sócios da Atlantic Gateway — empresa que detém 61% da TAP –, deu esta quinta-feira uma entrevista à Visão, na qual comentou o ponto de situação das negociações com o Governo com vista à reversão da privatização da companhia aérea.
“Jamais teria entrado num concurso para comprar 49% de uma empresa com todos os problemas que a TAP tem”, alertou, admitindo ainda entender a posição do novo Executivo que insiste em recuperar a maioria do capital da transportadora aérea.
Neeleman rejeita o caminho mais fácil, que passaria por reverter todo o negócio e receber o dinheiro que investiu. “Acredito na TAP. Sinto uma grande responsabilidade nas pessoas que aqui trabalham”, disse à revista. O empresário revelou ainda que, uma semana antes da assinatura que deixou o preto no branco, recebeu um pedido para emprestar dinheiro à companhia aérea: “A situação estava muito difícil.”
O empresário norte-americano esboçou ainda um cenário negativo para o caso da reversão da privatização: “Se o projeto falhar, o Estado não perde nada. Nós, os privados é que perdemos quase 400 milhões de euros que colocámos na TAP. O Estado ficou com o aval da dívida, mas, se nós fracassarmos, fica com uma empresa melhor do que a que tinha.”
Round 3. Governo e TAP sem acordo
As reuniões entre Governo e acionistas da TAP com vista à reversão da privatização mantêm-se. A última ocorreu quarta-feira, durou uma hora e meia. Mas desta vez, Humberto Pedrosa admitiu que as negociações podiam ficar terminadas até ao final do mês, apesar de prever a necessidade muito mais reuniões até lá. À terceira ainda não foi de vez…
No dia 12 de novembro, o consórcio Atlantic Gateway assinou a compra de 61% do capital da TAP. O anterior governo PSD falou em venda “imperiosa”, mas o PS, agora no poder, quer reverter o negócio no sentido de assegurar o controlo acionista por parte do Estado.
Esta terceira reunião surgiu um dia depois de uma eurodeputada do PSD pedir esclarecimentos à Comissão Europeia sobre a intenção do Governo de retomar o controlo da TAP. Em causa está uma eventual intenção de o Estado português injetar dinheiro público na empresa, o que pode resultar numa violação às regras de auxílios de Estado ao setor da aviação.
Ligações entre Lisboa e Porto terão preços sedutores
A TAP dará outro músculo aos voos entre Lisboa e Porto. Haverá voos de hora a hora já a partir de março, avança esta quinta-feira o Jornal de Notícias. A ideia é competir com os preços dos comboios, que rondam os 25 e 30 euros, e dar uso aos novos aviões da ATR e da Airbus. Com um bónus: encurtar substancialmente a viagem.
Em cima da mesa, apurou o JN, estará a possibilidade dos passageiros que usufruem desta ligação em experienciar um processo mais ágil e rápido. Ou seja, será mais fácil e acessível como acontece quando se viaja de autocarro ou comboio.
Esta quinta-feira, o presidente executivo da companhia, Fernando Pinto, vai anunciar os novos planos para a TAP que deverão incluir a renovação da frota da Portugália.