O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos, na Suíça, que o seu país vai precisar de mais ajuda militar dos Estados Unidos por causa do acordo nuclear com o Irão.
Israel está a negociar com Washington um novo pacote de ajuda militar a 10 anos, com o Estado hebraico a defender que este terá de ir além dos 3,1 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) anuais atualmente providenciados pelos EUA.
O valor exclui os gastos dos EUA em projetos, designadamente o sistema israelita de defesa antimísseis Iron Dome.
Benjamin Netanyahu argumentou que o acordo nuclear que levantou as sanções ao Irão vai exigir que Israel aumente os gastos para manter uma vantagem militar.
Para Netanyahu, é importante “resistir à agressão iraniana na região, que continua e pode até acelerar dada a quantidade de fundos que eles estão a começar a obter com o levantamento das sanções”.
“E a melhor forma de parar a agressão iraniana é reforçar os aliados dos Estados Unidos, o primeiro dos quais é Israel”, acrescentou, apelando a “um pacote maior”, que mesmo assim, “ao longo de 10 anos, vai desvanecer em comparação com os enormes fundos que o Irão vai ter”.
Os Estados Unidos desbloquearam um valor estimado em 100 mil milhões de dólares de bens iranianos no estrangeiro, devendo o Irão obter de Washington mais 1,7 mil milhões de dólares, na sequência da aplicação do acordo nuclear.
Netanyahu – cujo país se acredita ser a única potência nuclear do Médio Oriente – opôs-se fortemente ao acordo, que classificou de “erro histórico”.
A sua crítica pública perturbou as relações com os Estados Unidos, levando-o posteriormente a abrandar a sua retórica e a visitar Washington em novembro, como parte dos esforços para ultrapassar a fratura.
Uma delegação dos EUA é esperada em Israel na próxima semana, no âmbito de discussões sobre o novo pacote militar, já que o acordo em vigor expira em 2017.
O orçamento total de Israel para o sector da Defesa equivale a cerca de 16 mil milhões de dólares, sem incluir a ajuda dos EUA.
A intervenção de Netanyahu no Fórum Económico Mundial foi dominada por temas como o Irão e a Síria, mas houve lugar a uma breve referência ao conflito com os palestinos.
Em outubro de 2015, uma vaga de ataques palestinianos com armas de fogo, armas brancas e veículos armadilhados levou os membros mais à direita da equipa de Netanyahu a solicitar uma resposta mais vigorosa à violência.
Falando acerca da Cisjordânia ocupada, Netanyahu disse: “Creio que temos tido o cuidado de permitir que a economia [palestiniana] continue, apesar da onda de esfaqueamentos, pois não queremos que a população em geral caia nessa armadilha”.