As crescentes tensões geopolíticas e o aumento do terrorismo, em conjunto com as pressões oriundas do lado económico, está a virar os países para políticas nacionalistas que podem vir a ter efeitos negativos na economia mundial, alerta o FMI, que estima que as crises na Ucrânia, Iémen e Líbia tiraram uma décima ao crescimento mundial em 2014 e 2015. A guerra na Síria, a crise dos refugiados e o aumento do terrorismo estão cada vez mais no centro das atenções e o FMI dedica mais atenção ao tema no World Economic Outlook publicado esta terça-feira.

O crescimento destas tensões geopolíticas está a ter impacto direto na economia mundial, mas os efeitos mais negativos ainda podem estar por surgir, alerta o FMI, que aponta o referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia como um desses resultados.

Segundo o FMI, no caso de um eventual ‘Brexit’, os desafios, tanto para o Reino Unido, como para o resto da União Europeia, seriam muito significativos e teriam um impacto considerável e prolongado na confiança e nos níveis de investimento, aumentando a volatilidade nos mercados pelo caminho, devido a negociações para a saída que se esperam prolongadas, mas também a uma redução substancial nos fluxos financeiros e nas relações comerciais entre os dois blocos.

Mas não é só o Reino Unido que preocupa. Segundo o Fundo, o aumento do fluxo de refugiados dos países em crise, em especial da Síria, para a União Europeia e o aumento dos atos terroristas em espaço europeu – depois dos atentados em Paris e Bruxelas – está a colocar desafios consideráveis à coesão do espaço Schengen e a criar correntes mais nacionalistas em alguns países. É o caso de alguns países de leste que já viraram mais à direita, mas também de correntes internas de nacionalistas nas duas principais economias da zona euro, com o crescimento da Frente Nacional em França ou da AfD na Alemanha.

Com a retórica elevada também nos Estados Unidos, o receio do FMI é que estes países comecem a fechar-se e os seus governos a recorrerem a medidas protecionistas, o que seria negativo para um comércio internacional já muito afetado pelas mudanças na China e pela crise – também algumas delas políticas – em algumas das principais economias emergentes, casos da Rússia e do Brasil.

Aliás, o FMI estima mesmo o impacto de alguns dos países em crise na economia mundial. Segundo o Fundo, as recessões na Ucrânia, Iémen e Líbia – países em convulsão interna -, retiraram uma décima ao crescimento mundial entre 2014 e 2015.

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