Com a segunda audição de Jonathan Hill a terminar, os eurodeputados têm ainda de decidir sobre o futuro de vários comissários indigitados. O húngaro Navracsics, que tinha a pasta da Educação e Cultura, já foi chumbado na segunda-feira e há portefólios como a Energia e os Assuntos Económicos onde não há certeza sobre a aprovação dos escolhidos pelos Estados-membros e apontados por Juncker.

Há cinco comissários da equipa do luxemburguês que aguardam a decisão dos eurodeputados sobre o seu futuro em Bruxelas. Entre a repetição da audição, perguntas adicionais ou avaliação jurídica, este ano o Parlamento Europeu tem recorrido a várias técnicas para escrutinar com mais cuidado as capacidades dos homens e mulheres que serão comissários nos próximos cinco anos.

O comissário espanhol, Cañete, já recebeu o ok da comissão jurídica sobre a sua declaração de interesses e cabe agora aos eurodeputados da comissão de Indústria e Energia votarem o seu nome. Moscovici, o comissário francês também ainda não conhece o seu destino, tendo entregado esta manhã a resposta a questões adicionais sobre a pasta dos Assuntos Económicos – uma das mais importantes desta comissão. Na mesma situação está Vera Jourova, que tem a pasta da Justiça e se vê no seu país natal – República Checa – a braços com um processo de corrupção.

Outra comissária em risco é Alenka Bratusek da Eslovénia que não impressionou na sua audição e tem um papel essencial como vice-presidente para a união energética. Estas decisões serão tomadas entre esta terça e quarta feira de modo a dar tempo a Juncker para fazer as alterações necessárias, como já vai acontecer no caso de Tibor Navracsics, o húngaro que deveria ficar com a pasta da Educação, mas foi chumbado.

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À segunda vai funcionar?

Na segunda chamada de Jonathan Hill, que poderá ficar com a pasta dos Serviços Financeiros, tanto a eurodeputada do PS Elisa Ferreira, como Marisa Matias, do BE, e Miguel Viegas do PCP, insistiram nalguns dos pontos sensíveis da sua primeira chamada. Ferreira questionou-o sobre a concretização da união bancária, especificamente sobre a antecipação de prazos para a sua finalização e a independência da Comissão face ao Conselho Europeu, Marisa Matias voltou a questionar Hill sobre o seu passado lobista e o facto de o britânico não revelar para que empresas trabalhou (algumas no setor financeiro) e Viegas quis saber qual a posição de Hill sobre a separação entre a banca comercial e a banca de investimento.

Num género muito britânico, Hill disse que está disponível para propor a aceleração da concretização da união bancária, especialmente no que diz respeito ao fundo comum de garantia de depósitos, caso se verifiquem as condições políticas favoráveis para essa medida avançar. Quanto ai seu passado como lobista, o britânico disse que não podia “dar listas porque as empresas mudaram”. “Não sei que informação ainda teriam. O meu ponto é que eu parei de trabalhar para lóbis há quatro anos e meio. Não tenho qualquer envolvimento com empresas”, declarou.

Voltou ainda a garantir que quer o Reino Unido dentro da UE, defendendo um referendo que legitime esta escolha. O UKIP, partido que ganhou as eleições europeias no Reino Unido perguntou a Hill se este era um “nostradamus europeu” para prever que o país ficaria na UE e que a Europa estará melhor em 2019, como garantiu no seu discurso inicial.

O Observador sabe que as negociações entre os diferentes grupos políticos estão a decorrer neste momento e pelo menos a ECON vai decidir o futuro de Moscovici e Hill ainda hoje numa reunião à noite.