Em respostas enviadas por correio eletrónico à agência Lusa, o curador da exposição que vai ter lugar no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, sublinhou “não haver dúvida de que a coleção merece ser exposta permanentemente, numa instituição cultural portuguesa de alta categoria”.

Questionado pela Lusa sobre se concordava com a avaliação da coleção em 35 milhões de euros, que a leiloeira Christie’s estabeleceu como mínimo definido para um eventual leilão que não chegou a ocorrer, Robert Lubar respondeu que “o valor económico da coleção é mais alto, mas que o valor cultural para Portugal ultrapassa os limites”.

“Tendo em conta que, com a Fundação Joan Miró, em Barcelona, e a Fundação Pilar e Joan Miró, em Palma de Maiorca, esta coleção forma um triângulo cultural na Península Ibérica, o seu valor é inestimável. Manter esta coleção como um conjunto tem um alto valor cultural, tanto para Portugal como para Espanha”, afirmou o também diretor científico do grupo internacional de investigação Joan Miró.

Robert Lubar disse à Lusa que as obras a serem expostas inclui “muitas, muito destacadas” peças, da carreira do artista catalão, que “demonstram as maiores preocupações artísticas de Miró”.

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“É uma coleção de qualidade muito alta, que nunca poderá voltar a ser construída no futuro. Diria que o conjunto faz sentido como um todo sem ser enciclopédico. Dá-nos uma visão extremamente rica da trajetória artística de Miró”, acrescentou o diretor da New York University (NYU) Madrid.

A coleção em causa, proveniente do antigo Banco Português de Negócios (BPN), “inclui um total de 85 obras de Miró, do ano de 1924 até 1981”, nas quais se encontram “desenhos e outras obras sobre papel, pinturas (com suportes distintos)”, além de seis tapeçarias de 1973, uma escultura, colagens, uma obra da série “Telas queimadas” e várias pinturas murais.

A maioria da coleção estará exposta, “com exceção de umas quantas que não encaixam bem no tema da exposição, ‘Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, segundo o curador.

De acordo com informação publicada pela Fundação de Serralves, entretanto retirada da sua página, a mostra, com desenho arquitetónico de Álvaro Siza Vieira, vai incluir de 75 a 80 obras de Miró, na maioria desconhecidas do público.

O anúncio da mostra, pela Fundação de Serralves, acontece numa altura em que o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, revelou ser “desejo do Governo que os Mirós fiquem no Porto”, lançando um desafio sobre a permanência da coleção na cidade.

Na segunda-feira, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, assegurou que o Porto tem condições para receber as obras de Miró, na posse do Estado, e disse já ter falado com o Governo para que, “nos próximos dias”, fossem avaliados potenciais espaços.