Liubliana não perdeu tempo em nomear uma nova comissária e quer enviar para Bruxelas Violeta Bulc, ministra do Desenvolvimento, que iniciou – tal como o restante governo – o seu mandato há um mês e antes disso não tinha experiência política relevante. Jean-Claude Juncker vai conhecê-la esta terça-feira, falar com ela e decidir se aceita ou não a indicação da Eslovénia. Caso aceite, corre contra o relógio para preparar a sua audição e conseguir a aprovação final do Parlamento Europeu na reunião plenária da próxima semana em Estrasburgo.

Na semana passada, os eurodeputados chumbaram Alenka Bratušek como nova vice-presidente da Comissão Juncker para a União Energética e esta terça-feira a sua sucessora vai a Bruxelas falar com o ex-primeiro-ministro luxemburguês. Mas há alguns problemas. Desde logo, o governo que indicou Violeta Bulc está no poder há um mês e corresponde a um partido criado durante este verão, não tendo para já qualquer filiação com as grandes famílias políticas europeias – identifica-se com os liberais.

Tal como o próprio partido, Bulc é também uma recém-chegada às lides politicas, tanto a nível nacional como europeu, tendo até agora desenvolvido a sua atividade como empresária – fundou uma consultora de desenvolvimento sustentável. Entre a vida empresarial e académica como professora universitária, a eslovena conta com uma passagem pela Escola de Xamanismo da Escócia e é também cinturão negro de Tae Kwan Do e Hap Ki Do, dois tipos de artes marciais.

O nome da ministra eslovena enfrentou muita resistência por parte tanto dos Socialistas Europeus como dos membros do Partido Popular Europeu – grupo integrado no Parlamento Europeu pelo PSD e pelo CDS – que preferiam uma figura mais consensual para o lugar, como a eurodeputada socialista Tanja Fajon – que após a queda de Bratušek chegou a ser dada como certa na Comissão. “Avançámos com a sugestão de Fajon porque ela estava lista inicial enviada pela Eslovénia a Juncker [o país deu inicialmente três nomes para o novo presidente escolher e acabou por ser Bratušek] e porque ela é uma eurodeputada talentosa e experiente”, disse o porta-voz dos eurodeputados socialistas.

Para além da comissária eslovena e da possível alteração de pastas que esta mudança vai suscitar, Juncker tem ainda de lidar com a rejeição parcial de Tibor Navracsics, comissário húngaro, que foi também chumbado pelo Parlamento Europeu. A opção de Juncker já que ainda não houve troca da indicação por parte do país é retirar a Cidadania das competências do húngaro e deixá-lo apenas responsável pela Educação e Cultura, acalmando assim as críticas ao posicionamento político da Hungria e às já provadas infracções democráticas levadas a cabo pelo primeiro-ministro Viktor Órban. Uma maratona de acontecimentos tendo em conta que o novo colégio da Comissão deveria ser aprovado já no dia 22 de outubro, de modo a que Juncker e os seus comissário, incluindo Carlos Moedas, tomem posse a 1 de novembro, substituindo Durão Barroso.

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