O Ministério da Administração Interna (MAI) confirmou apenas a detenção de um dos três reclusos que fugiram, no domingo, do Estabelecimento Prisional de Caxias, mas a Polícia Nacional Espanhola garantiu à Lusa que foram detidos os dois chilenos no Aeroporto de Barajas, em Madrid, na mesma altura, sendo que as autoridades acabaram por libertar o segundo.

“A Administração Interna e a Justiça confirmam a detenção, nas últimas horas, de um dos três evadidos do Estabelecimento Prisional de Caxias, na madrugada de domingo. O detido, de nacionalidade chilena, encontra-se sob custódia das autoridades espanholas”, lê-se no comunicado enviado às redações.

O Ministério informa ainda que “assim que foi identificada a fuga dos três reclusos, as autoridades portuguesas trocaram a informação necessária não só entre si, mas também no âmbito dos mecanismos de cooperação policial internacional, tendo ainda sido desenvolvidas ações, que continuam em curso, no âmbito da cooperação judicial internacional”.

De acordo com a Lusa, citando fonte da Polícia Nacional espanhola, os dois reclusos chilenos que se evadiram da prisão de Caxias foram detidos no domingo, no aeroporto de Barajas, com passaportes falsos, e um deles acabou por ser libertado pelas autoridades espanholas.

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E uma outra fonte ligada ao processo explicou à Lusa que esse segundo chileno foi libertado devido a um atraso no envio e receção em Espanha do mandado de detenção europeu. Além disso também não existia vaga no centro de detenção espanhol. O outro chileno só não foi também libertado pelas autoridades espanholas, porque, depois de identificado, as autoridades verificaram que era procurado em Espanha por crimes cometidos neste país.

A fonte não soube explicar porque razão um dos chilenos, apesar de apresentar um passaporte falso, acabou por ser libertado por falta de espaço no centro de detenção local.

Esta manhã, o Jornal de Notícias já dava conta das duas detenções, no Aeroporto de Barajas, ainda durante o dia de domingo, e que um deles, Roberto Ulloa, teria sido colocado em liberdade por volta das 19h (18h em Lisboa) por falta de vaga no centro de Internamento de Estrangeiros.

O terceiro fugitivo continua a monte. Segundo o Expresso trata-se de um cidadão luso-israelita também condenado pelo crime de furto a residências.

Durante a madrugada de domingo, três homens (dois chilenos e um português) fugiram da prisão do Estabelecimento Prisional de Caxias depois de terem serrado as grades de uma janela e cortado uma vedação. Os reclusos — Jorge Naranjo, Roberto Ulloa e Joaquim Matos — tinham entre 29 e 30 anos e estavam presos preventivamente na mesma cela. Aguardavam “julgamento por crimes de furto e roubo em processos criminais distintos”, adiantou a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais em comunicado.

Um quarto indivíduo, que também se encontrava detido no mesmo local, ficou para trás. Segundo o Jornal de Notícias, terá sido drogado e não terá assistido à fuga. Na edição de hoje, o jornal fala ainda de uma recompensa que estará a ser oferecida pela máfia chilena a quem ajudar reclusos chilenos a fugir das prisões.

Foi instaurado “de imediato um processo de averiguações, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção Geral”, refere o mesmo comunicado. Apesar dos relatos de falta de segurança no estabelecimento prisional, o Ministério da Justiça garantiu em comunicado que as duas torres de vigia próximas do local de onde se evadiram os três reclusos “se encontravam ativas” e com “os elementos de vigilância no seu local de trabalho”.

A Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional, por outro lado, considerou que a evasão de três reclusos é fruto da “dramática falta de guardas prisionais”. Para o presidente da associação, o que aconteceu em Caxias é um “reflexo das más condições em que se encontra o sistema prisional”, que, na sua opinião, “foi votado ao abandono pelo Estado”.

“Há uma situação dramática de falta de guardas prisionais. Pelas contas da associação faltam pelo menos mais 1.200 guardas nas cadeias portuguesas, um alerta que temos vindo a fazer há cerca de oito anos”, disse Mateus Dias à Lusa. A desativação de algumas torres de vigia em várias cadeias por falta de efetivos é um dos exemplos dado por Mateus Dias.