Depois de anos e anos de promoção e correspondente sucesso comercial, os motores a gasóleo parecem ter caído em desgraça, não só na União Europeia (UE) como em muitas outras partes do mundo, estando hoje em dia ameaçados da extinção total. Vejam-se os anúncios recentes da França e Reino Unido.

No entanto, apesar da força do poder (nomeadamente, político), construtores como a Volkswagen parecem não querer baixar os braços, sendo que, no caso do maior fabricante automóvel europeu, existirá mesmo um plano para salvar o diesel. Denominado Leuchtturmprojekt (“Farol”, em português), o projecto passa por uma evolução da tecnologia existente, capaz de conseguir uma redução nos consumos e emissões na ordem dos 25 a 30%.

Soluções tecnologicamente avançadas para reduzir os consumos e emissões dos diesel poderão manter este tipo de combustível no mercado, pelo menos até os eléctricos ganharem mais força, uma vez que a maioria dos fabricantes, apesar de acreditarem no potencial desta classe de automóveis mais amigos do ambiente, aponta para uma percentagem nas vendas de apenas 25%, para os eléctricos e híbridos plug-in num período que, consoante os casos, varia entre 2025 e 2040. Isto prova que é fundamental continuar a desenvolver motorizações mais eficazes a gasolina e a gasóleo.

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Combustível que, durante várias décadas, foi apresentado como a solução ideal para praticamente todo o tipo de utilizadores – até mesmo para aqueles que não faziam mais do que 10.000 quilómetros por ano! -, a verdade é que, aplicado ao tipo de utilização correcto e esquecida a validade já demonstrada por alguns híbridos numa utilização maioritariamente urbana, os motores a gasóleo continuam a ser a melhor e a mais económica solução, para os condutores que, todos anos, percorrem muitos milhares de quilómetros. Até porque, no caso dos diesel mais recentes, aspectos como as emissões de óxido de nitrogénio (NOx), responsável em grande parte pelo conhecido fenómeno do aquecimento global, têm sido fortemente reduzidas, graças à introdução de novos sistemas de tratamento dos gases de escape, como o AdBlue.

Com uma produção sustentada, em grande parte, neste tipo de motores, o grupo alemão Volkswagen decidiu, por isso e numa altura em que a perseguição ao diesel parece estar na ordem do dia, avançar, nos últimos quatro anos, com um novo projecto de evolução deste tipo de motores, capaz – ao que tudo indica – de garantir a sua existência por mais algumas décadas. E que, conduzido pelo centro de Investigação e Desenvolvimento do construtor em Wolfsburgo, passa por conseguir melhorias substanciais, tanto nos consumos como nas emissões de CO2 – mais concretamente, entre 25 e 30%!

Segundo avança o espanhol Diariomotor, este resultado terá, de resto, sido já alcançado pelo fabricante alemão, em testes realizados com um Volkswagen Golf, supostamente equipado com um motor diesel de apenas três cilindros e 1,5 litros de cilindrada, que, em ambiente real, poderá ter registado consumos na ordem dos 3,0 l/100 km, assim como emissões de CO2 muito abaixo das 100 g/km. Isto, claro está, aplicando aquele que é o ciclo de homologação actual, NEDC.

Na base deste feito, e ainda segundo refere a mesma publicação, estarão tecnologias destinadas a melhorar não só a câmara, como a qualidade da combustão, nomeadamente através da redução da fricção, conseguida com uma acção ao nível das válvulas de admissão e de escape, pistões e outros componentes. Sendo que os engenheiros da Volkswagen também terão conseguido pequenas melhorias ao nível do rendimento térmico do motor, com pressões na injecção até 3.000 bar.

A par destes avanços, a chave do sucesso estará igualmente na aplicação de um novo sistema eléctrico de 48V, acrescido de melhores tecnologias de recuperação e aproveitamento de energia. O que poderá significar uma espécie de hibridização do motor a diesel, solução que a Volkswagen ainda não aplicou nos seus propulsores, mas que, por exemplo, a Renault já utiliza no Scénic Hybrid Assist.

No entanto, o fabricante de Wolfsburgo também garante que as tecnologias que tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos quatro anos estão prontas para ser aplicadas, desde já, nos seus carros. Apontando a maior eficiência energética, a par das emissões quase residuais, como razões suficientemente fortes para continuar a apostar, no futuro e aproveitando as tecnologias que tem vindo a desenvolver, nos motores a gasóleo. Ficando assim apenas por saber se estes serão argumentos suficientes fortes para recuperar a confiança dos muitos milhões de clientes que mantêm ainda muito presente o “Dieselgate”.