A notícia já correu o mundo. Um grupo de hackers auto-intitulado “Guardians of Peace” (Guardiões da Paz) conseguiu entrar nas contas de email de vários funcionários e sócios da Sony Pictures e divulgar dezenas de dados pessoais de figuras da indústria cinematográfica, incluindo uma conversa entre Amy Pascal e Scott Rudin em que este chama a Angelina Jolie “uma pirralha mimada com um talento mínimo”.

Ao todo, foram publicados 11 terabytes de informação, com moradas, números de telefone, endereços de email e até o número de Segurança Social de Sylvester Stallone. Mas, de acordo com o jornal Le Monde, estes onze terabytes são apenas uma pequena parte das centenas de terabytes de dados roubados. Segundo a Newsweek, os piratas informáticos terão escolhido não publicar tanta informação de uma vez só, preferindo divulgá-la gradualmente.

Mas como é que esses dados foram divulgados? Primeiro, foram criados links para sites de download direto ou para arquivos torrent, que permitem baixar grandes arquivos RAR ou ZIP onde a informação foi armazenada. Estes foram depois colocados online através do Pastebin, um editor de texto que garante o anonimato dos utilizadores, e o respetivo link enviado por email para todos aqueles que tenham mostrado interesse na informação, através de uma mensagem enviada para os endereços temporários e anónimos dos “Guardians of Peace”.

Os dados estiveram disponíveis apenas por algumas horas, até que os links foram desativados e o documento do Pastebin apagado. Entre 24 de novembro e 10 de dezembro foram feitas seis divulgações deste tipo, sempre com a promessa de que “os dados que iremos publicar na próxima semana vai deixá-lo ainda mais entusiasmado”, como refere um documento divulgado no dia 5 de novembro no Pastebin.

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Até ao momento não se sabe quais foram as verdadeiras motivações do grupo de hackers. Alguns órgãos de comunicação norte-americanos referiram que o ataque teria sido realizado por piratas informáticos norte-coreanos, como forma de retaliação ao filme The Interview, uma paródia ao regime de Kim Jong-un. Essa informação já foi porém desmentida por um dos agentes do FBI responsáveis pela investigação, que disse não ser possível atribuir a responsabilidade do ataque ao governo de Pyongyang. Em entrevista à Voice of America, um diplomata coreano negou qualquer envolvimento da Coreia do Norte no ataque à Sony.

Num documento divulgado a 9 de novembro, os membros do “Guardians of Peace” pediram à Sony para “parar imediatamente com a realização de um filme sobre o terrorismo, que pode acabar com a paz regional e causar uma guerra”, sem citarem o nome do filme em questão. De acordo com o Le Monde, os hackers terão também feito “um pedido claro” à equipa de gestão da Sony, ao qual não terão tido qualquer resposta. O conteúdo do pedido permanece desconhecido.

O jornal francês não põe de lado a hipótese de chantagem em troca de dinheiro. Para sustentar essa hipótese, refere um email enviado para os diretores da Sony Picutres alguns dias antes do ataque, em que os hackers referem ter como “causar um grande dano à Sony Pictures”. “Queremos uma compensação monetária. Paguem ou a Sony Pictures vai ao fundo”, pode ler-se na mensagem.