No final do encontro, numa longa flash interview, Jorge Simão, treinador do Boavista, começou por enaltecer a capacidade de reação dos axadrezados na segunda parte à desvantagem no marcador, falando numa “grande superioridade territorial perante o adversário”. “Tivemos várias aproximações à área, alguns remates e cruzamentos que podiam ter resultado em golo, embora não tenhamos traduzido essa superioridade em ocasiões”, referiu. É provável que o técnico se estivesse a referir a uma fase com pouco mais de cinco minutos em que a bola andou mais perto da área verde e branca, mas uma coisa é certa: ao longo de 90 minutos, o trabalho de Rui Patrício além de marcar pontapés de baliza e fazer reposições foi levantar o braço num remate por cima de Talocha.

O Campeonato voltou a Alvalade e só se falou do Bruno (a crónica do Sporting-Boavista)

Ao todo, e pela sexta vez neste Campeonato, o número 1 do Sporting passou um encontro inteiro sem sofrer golos nem fazer sequer uma defesa, comprovando mais uma vez a fase positiva que a equipa leonina atravessa nos jogos em Alvalade para as provas nacionais, onde não sofre golos desde novembro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os comandados de Jorge Jesus já conseguiram bater um recorde em termos nacionais: pela primeira vez, uma equipa portuguesa fará um total de 60 jogos oficiais numa só temporada, número que irá superar os 58 do FC Porto de André Villas-Boas em 2010/11 e os 57 do Benfica do próprio Jesus em 2013/14 (no Sporting, o anterior registo máximo era de 56, na temporada de 2007/08 com Paulo Bento no banco). E esse trajeto voltou a deixar marcas, com o treinador explicou no final do encontro aos microfones da Sport TV.

“Ao intervalo tinha dois ou três jogadores que não davam mais. Os jogadores só não fazem ou não dão mais porque não podem. O que têm feito é exemplar, com grande dignidade e profissionalismo. Se morrermos, vamos morremos lá dentro, no campo. Acuña saiu com dificuldades mas mais por cansaço, o Mathieu pode ter lesão mas só o médico poderá fazer o diagnóstico amanhã. Agora temos mais dias para recuperar, para podermos encher de oxigénio. O Sporting tem uma alma muito grande para suportar a questão física”, comentou.

É também essa alma que explica o atual registo dos leões em termos defensivos nos jogos em casa a contar para as competições nacionais (fora, como tínhamos explicado quarta-feira, é diferente: em 18 jogos entre Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga, 21 golos sofridos e apenas três partidas em branco): com mais 90 minutos sem consentir golos, o Sporting subiu ao top-3 dos maiores períodos da história sem sofrer neste particular, superando por cinco minutos os 1.286 do FC Porto em 2014/15. Assim, ficou apenas de mais duas séries, ambas realizadas pelos dragões: de 1.547 minutos em 1988/89 e de 1.760 minutos entre 1993/94 e 1994/95. Segue-se um teste de fogo: a formação verde e branca irá realizar o último encontro em Alvalade frente ao rival Benfica, a 5 de maio, partida de extrema importância nas contas do título e até do segundo lugar.

Rui Patrício, Salin e um recorde para a história do Sporting (e que pode ainda aumentar)

“O mérito para esta série sem sofrer em Alvalade é de toda a equipa. Não é só o trabalho da defesa, mas sim de todos. Todos corremos e isso vê-se em campo”, destacou o central Coates, antes de admitir o desgaste físico sentido na parte final da receção aos axadrezados: “Todas as partidas são difíceis e tivemos muitas consecutivas, era normal haver um período em que pudéssemos sofrer um pouco. Estamos muito bem, com uma entrega espetacular. É natural sentirmos o cansaço na segunda parte, após tantas partidas importantes. A vitória é o mais importante”.