José Eduardo Agualusa, Julian Fuks e Teresa Veiga são alguns dos autores dos textos da primeira “Granta em Língua Portuguesa”, que será publicada este mês em Portugal e no Brasil, com o tema “Fronteiras” e capa de André Carrilho.

No passado mês de outubro, a revista Granta Portugal acabou, para dar lugar a uma nova versão da mesma revista literária, a publicar pela Tinta-da-China em simultâneo em Portugal e no Brasil, com textos de autores das duas nacionalidades e sem alterações ortográficas.

É o caso dos brasileiros Francisco Bosco, Julian Fuks e Adriana Lisboa e dos portugueses Valério Romão e Teresa Veiga, que escrevem textos para esta edição da Granta, que chega às livrarias no dia 25 de maio. O angolano José Eduardo Agualusa é outro dos autores da primeira Granta em Língua Portuguesa, a mostrar que mais do que o Brasil, a revista alarga-se ao espaço lusófono, o que significa “aceder a um novo manancial de autores” e justifica a escolha do tema, “Fronteiras”, pretendendo “questioná-las e esbatê-las”, explica a editora.

Aliás, um dos autores presentes também nesta edição é Keane Shum, responsável pela unidade de vigilância dos movimentos marítimos do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) para o Sudeste Asiático, em Banguecoque.

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Outra novidade é a entrada do fotógrafo e artista visual Daniel Blaufuks para a direção de imagem da revista, escolhendo os fotógrafos e os ilustradores para cada novo número. Quanto ao resto, a estrutura da revista mantém-se, com textos inéditos em português, seleção de textos do arquivo histórico da Granta inglesa, ensaios fotográficos e ilustrações originais.

Esta edição inclui textos de autores como a norte-americana Emma Cline, a sul coreana Han Kang — vencedora do Prémio Internacional Man Booker em 2016 e finalista da edição deste ano do mesmo prémio –, o britânico Patrick Marnham e o ucraniano Peter Pomerantsev, residente no Reino Unido.

Os ensaios fotográficos são da autoria do artista visual brasileiro Marcos Chaves e da fotógrafa portuguesa residente em Berlim Rita Lino, as ilustrações são de João Fonte Santa e a capa, ilustrada com o rosto de um homem negro amordaçado com arame farpado, é da autoria de André Carrilho, cartoonista de publicações como o Diário de Notícias.

A direção da revista continua a cargo de Carlos Vaz Marques, que escreve, a propósito desta edição, que “a primeira Granta transatlântica é a constatação de uma distância e um desejo de aproximação, em que os textos que lhe dão corpo percorrem os múltiplos matizes do idioma”.

“Vivemos num mundo repleto de fronteiras. Aquelas que vemos e as invisíveis. Umas que queremos transpor, outras que nos preservam e conferem identidade. Na Granta em Língua Portuguesa aproxima-nos e diferencia-nos a língua — simultaneamente a mesma e outra, consoante o lugar de origem. Em português nos des/entendemos”, acrescenta o diretor.

A revista Granta Portugal despediu-se ao 10.º número, para se unir ao Brasil, país onde a edição desta revista literária estava suspensa já há algum tempo, desde que a editora que a publicava foi comprada. Tendo a Tinta-da-China uma editora também no Brasil, país com quem tem vindo a fazer um “trabalho consistente de ponte literária entre os dois países”, entendeu que envolver a Granta neste processo seria o seguimento natural, explicou a editora.

Assim, a responsável pela Tinta-da-China, Bárbara Bulhosa, e Carlos Vaz Marques apresentaram a proposta à Granta-mãe, tendo sido imediatamente aceite, dado o enorme sucesso da Granta Portugal, já que foi a edição internacional mais bem-sucedida desta revista, segundo a editora.

A Granta do Brasil, que se designava “Granta em Português”, publicou 13 números entre 2007 e 2015. Na opinião da editora, com esta Granta unificada o público-alvo vai aumentar exponencialmente e o trabalho de divulgação de novos escritores torna-se mais estimulante.