A polaca Olga Tokarczuk, autora de Flights, é a vencedora da edição de 2018 do Man Booker Prize International, prémio criado para incentivar a publicação e leitura de ficção de qualidade traduzida para língua inglesa. O anúncio foi feito esta terça-feira à noite, numa cerimónia realizada no Victoria and Albert Museum, em Londres. A escritora é a primeira de nacionalidade polaca a vencer o prémio de tradução.

Editado pela Fitzcarraldo Editions e traduzido do polaco para o inglês por Jennifer Croft, Flights é uma narrativa de viagem — aliás, de várias viagens — através dos séculos e de diferentes personagens. É também uma história da anatomia humana, cheia de “reflexões sobre viajar com uma exploração profunda do corpo humano, a vida, a morte, o movimento e a migração”, refere o site da editora inglesa. É também o romance mais ambicioso da polaca de 56 anos, que conta já com uma vasta bibliografia.

“As nossas deliberações dificilmente foram fáceis”, disse Lisa Appignanesi, presidente do júri, via comunicado. “Mas estou muito contente em dizer que escolhemos a grande escritora polaca Olga Tokarczuk: ela é uma escritora com uma inteligência, imaginação e brio literário maravilhosos.” O júri elogiou ainda a tradução “brilhante” de Jennifer Croft. O prémio em questão — no valor de 50 mil libras (cerca de 57 mil euros), que será dividido de igual forma entre a autora e a tradutora — foi selecionado entre 108 obras submetidas e escolhido por um painel composto por cinco jurados.

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Olga Tokarczuk é vencedora de múltiplos prémios e autora de bestsellers na Polónia, cujo trabalho está agora a adquirir reconhecimento no mundo anglófono. Formou-se em psicologia na Universidade de Varsóvia e o seu interesse por Jung continua a influenciar o seu trabalho. O seu primeiro livro, uma coleção de poemas, foi publicado em 1989”, salientou a organização do Booker. Nascida em 1962, Tokarczuk é autora de oito romances e de duas coleções de contos, sendo também coorganizadora de um festival literário perto da sua casa, no sul da Polónia.

Além de Olga Tokarczuk, estavam nomeados para o Man Booker Prize International autores como o espanhol Antonio Muñoz Molinaos, o iraquiano Ahmed Saadawi e a sul-coreana Han Kang, que venceu o mesmo galardão em 2016. Virginie Despentes e László Krasznahorkai faziam também parte da shortlist, divulgada no início de maio.

No ano passado, o galardão foi atribuído ao israelita David Grossman, autor de A Horse Walks into a Bar (publicado em Portugal pela D. Quixote), traduzido por Jessica Cohen e publicado no Reino Unido pela editora inglesa Jonathan Cape.

Dos prémios atribuídos anualmente pela The Booker Prize Foundation, faltam ainda conhecer-se os nomeados para o Man Booker Prize (a longlist será revelada a 24 de julho e a shortlist a 20 de setembro) e para o Man Booker Golden Prize, que será atribuído ao melhor trabalho de ficção das últimas cinco décadas e cujos seis primeiros nomeados serão anunciados este fim de semana.