Os relatos locais dão conta de uma “carnificina humana” na cidade de Baga, na Nigéria, levada a cabo pelo grupo terrorista Boko Haram. Os terroristas conseguiram tomar este ponto estratégico da região durante esta semana e terão feito mais de 2000 mortos para conquistar um posto militar do exército nigeriano. As vítimas são, na sua maioria, mulheres, crianças e idosos. Desde o fim do ano mais de 10 mil pessoas abandonaram a região com medo da chegada dos terroristas.
Baba Abba Hassan, líder político local disse à AFP que os terroristas entraram na cidade e lançaram granadas sobre a população, e em seguida dispararam indiscriminadamente sobre quem ainda estava nas ruas e nas casas. As mulheres, crianças e idosos foram, na sua maioria, os habitantes da cidade que não conseguiram fugir a tempo e por isso, os mais atingidos por estes atos de terrorismo.
“A carnificina humana levada a cabo pelos terroristas do Boko Haram em Baga é enorme”, disse também à AFP Muhammad Abba Gava, porta-voz dos combatentes civis que tentam travar o avanço de Boko Haram na região. Gava afirmou ainda que em Baga deixaram de contar os corpos já que “ninguém podia fazer nada” e mesmo os mais feridos “já devem ter morrido nesta altura”, admitiu.
Os confrontos entre os terroristas e soldados nigerianos ainda estão a acontecer, com a Nigéria a dizer publicamente que foram enviados para o terreno mais militares e equipamento para combater o grupo Boko Haram. Os Boko Haram são um grupo islamita, fundado em 2002, que começou por se opor à educação ocidental. Em 2009 começaram a fazer ofensivas militares e já mataram milhares de pessoas na Nigéria.
Em Washington, o Departamento de Estado dos EUA já reagiu, pedindo à Nigéria, à República de Níger, ao Chade e aos Camarões que “tomem todas as medidas possíveis para limitar esta ameaça urgente”. Baga é um ponto estratégico, já que se situa no nordeste da Nigéria, junto ao Lago Chade e perto da fronteira com vários países. O grupo já teria conquistado 16 cidades à volta de Baga, que ainda resistia devido a uma base militar nigeriana – esta base deveria ter sido reforçada com tropas dos países vizinhos, tal como toda a região, mas os governos não chegaram a acordo final sobre a distribuição das tropas, permitindo assim o avanço dos terroristas.