Luís Figo quer ser o próximo presidente da FIFA. O antigo capitão da seleção nacional disse estar “preocupado com o futebol” e “não gosta” do que “tem visto ser associado à imagem da FIFA nos últimos anos”. Por isso, vai candidatar-se à presidência da entidade que rege o futebol mundial. As eleições estão agendadas para 29 de maio.
O ex-jogador, que somou 127 internacionalizações pela seleção portuguesa, revelou a sua decisão em entrevista à CNN, publicada esta quarta-feira. “É um desafio fantástico tentar convencer as pessoas a seguirem-me e apoiarem-me. Tenho falado com muitas pessoas importantes no futebol — jogadores, treinadores, presidentes de federações — e todos pensam que algo tem de ser feito”, explicou Figo à cadeia de televisão norte-americana.
I'm delighted to announce my candidacy for the FIFA Presidency. Football has given me so much during my life & I want to give something back
— Luís Figo (@LuisFigo) January 28, 2015
“Estou encantado por anunciar a minha candidatura à presidência da FIFA. O futebol deu-me tanta coisa durante a vida e agora quero devolver-lhe algo.”
Luís Figo formalizará esta tarde a candidatura na FIFA. Segundo o Observador apurou, junto de fonte oficial, o proponente é a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e o ex-internacional português cumpre os requisitos mínimos estabelecidos — ou seja, tem o apoio de, pelo menos, cinco federações (das 209 que estão inscritas na FIFA).
Agradeço às Federações que apoiam a minha candidatura à Presidência da FIFA. Precisamos de mudar e precisamos de mudar agora.
— Luís Figo (@LuisFigo) January 28, 2015
Os dossiers da candidatura serão entregues ainda esta quarta-feira na sede da FIFA, em Zurique, Suíça, por um representante legal do português. “O Luís já demonstrou ser uma pessoa capaz. Tenho de lhe dar os parabéns pela enorme coragem que teve em tomar esta decisão. É um processo que não é fácil. É uma eleição difícil. Mas o Luís, com a sua tenacidade, não deixará de fazer valer os seus pontos de vista”, defendeu Fernando Gomes, presidente da FPF, ao reagir à candidatura de quem, enquanto jogador, correu pelo Sporting (1990-95), o Barcelona (1995-2000), o Real Madrid (2000-05) e o Inter de Milão (2005-09).
Luís Figo foi o segundo português a vencer a Bola de Ouro, em 2001, quando o troféu ainda era atribuído unicamente pela revista France Football (a partir de 2010, o prémio passou a ser entregue em conjunto com a FIFA). No mesmo ano foi considerado o melhor jogador do mundo pela FIFA. Em 2002 conquistou uma Liga dos Campeões, com o Real Madrid. Amealhou ainda quatro ligas espanholas e três campeonatos italianos.
Os três adversários confirmados na corrida
Aos 42 anos, portanto, Luís Figo quer ser o 9.º presidente na história da FIFA. O português, para já, tem três adversários confirmados e poderá vir a, pelo menos, ter mais dois, pois o prazo de submissão de candidaturas só termina na quinta-feira.
O primeiro é atual detentor do cargo: Joseph Blatter, que preside à entidade desde 1998 e pretende ser eleito para um quinto mandato. A imagem do suíço, de 78 anos, contudo, tem sofrido algum desgaste nos últimos dois anos, em parte devido aos protestos que rodearam o Mundial do Brasil — e, sobretudo, face às denúncias de corrupção e subornos que alegadamente culminaram na atribuição dos Campeonatos do Mundo de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar.
A FIFA chegou a nomear Michael J. Garcia, juiz norte-americano, para chefe da Câmara de Investigação que passou 18 meses a investigar o caso. Entrevistou mais de 75 testemunhas e compilou um relatório de 430 páginas que, até agora, não foi tornado público. Foi isto, admitiu Figo, que o levou a pensar: “Agora é o momento.” Antes disso, porém, o tal juiz demitiu-se da FIFA após acusar o seu homólogo da Câmara Decisória de resumir as conclusões de forma “materialmente falsa e errónea”.
Luís Figo, na entrevista que concedeu à CNN, aliás, lamenta que a palavra “escândalo” seja “a primeira a aparecer” quando “se pesquisa por FIFA na internet“. O português sublinhou ser isso “que tem de ser mudado” para “melhorar a imagem” da organização.
Outro dos candidatos é David Ginola. É francês, tem 48 anos e também foi futebolista (entre 1985 e 2002, jogou no Paris Saint-Germain, Tottenham, Aston Villa e na seleção francesa, por exemplo). O gaulês anunciou a sua candidatura a 16 de janeiro e já defendeu que a “liderança da FIFA não tem abraçado o progresso, tem falhado em lidar com [o facto de] ser enfrentada e em ser transparente no processo de decisão”.
O adversário seguinte chama-se Michael van Praag. Tem 78 anos, é membro do Comité Executivo da UEFA, preside à federação holandesa de futebol e, entre 1989 e 2003, foi também presidente do Ajax de Amesterdão, um dos maiores clubes do país.
O holandês anunciou a sua candidatura na segunda-feira, 26 de janeiro. “Estou muito preocupado com a FIFA. É tempo para a organização regressar ao mundo real. Esperei que um concorrente credível [a Blatter] surgisse, mas isso simplesmente não aconteceu”, argumentou o dirigente, citado pelo The Guardian.
Depois há os que se querem candidatar, mas ainda não o fizeram.
São dois. O primeiro chama-se Jérôme Champagne, francês, dirigente da UEFA e antigo aliado de Sepp Blatter, que ainda não terá conseguido reunir e oficializar o obrigatório apoio de cinco federações de futebol. O outro é o Príncipe Ali al-Hussein, da Jordânia, atual vice-presidente da FIFA, que segundo a imprensa britânica poderá ter o apoio da federação inglesa de futebol.
É altura de uma “mudança na liderança, transparência e solidariedade”, diz Luís Figo. Agora só falta ver se será o português a tentar executá-la.