É complicado, por vezes, recordar que Bruno Fernandes não é ala, não é avançado e muito menos ponta de lança. É complicado, por vezes, lembrar que o internacional português joga no setor intermédio, atrás da linha de ataque. E é por isso complicado explicar a ligação quase intrínseca que o número 8 do Sporting tem com o golo. Este domingo, apesar da derrota caseira sofrida às mãos do Benfica, Bruno Fernandes apontou mais um golo – mesmo em cima do intervalo, garantindo uma réstia de esperança aos leões que acabou por não se materializar na segunda parte – e chegou aos 17 esta temporada, o melhor registo da carreira (na época passada marcou 16).

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O médio, que foi o terceiro jogador mais caro da história do Sporting, levava seis golos em 17 jogos quando Marcel Keizer chegou a Alvalade. Desde que o holandês assumiu o comando técnico dos leões, Bruno Fernandes marcou onze golos noutros 17 jogos a contar para o Campeonato (Rio Ave, dois ao Nacional e Moreirense e outro ao Benfica), para a Taça de Portugal (Lusitano Vildemoinhos, Rio Ave e Feirense), Taça da Liga (Feirense) e ainda Liga Europa (dois ao Qarabag). Com estes números, chega ao início de fevereiro com mais um golo do que aqueles que conseguiu marcar em toda a época 2017/18 – no que é também três vezes mais do que os melhores registos que deixou em Itália, com a Sampdoria e a Udinese.

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Enquanto segundo melhor marcador do Sporting na presente temporada (apenas atrás dos 19 golos de Bas Dost, que também marcou este domingo), Bruno Fernandes é também o terceiro médio dos leões a ter duas temporadas consecutivas em que marca 15 ou mais golos, depois de Fernando Peres e Krassimir Balakov. Com o 17.º golo da época, o médio ficou a apenas quatro da marca do búlgaro e do brasileiro Osvaldo Silva, os médios com mais golos numa única temporada em Alvalade (21).

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Depois de uma goleada em casa frente ao eterno rival, agudizada por uma fraca exibição onde nada pareceu correr bem ao Sporting, Bruno Fernandes assumiu o papel de líder de balneário no final do jogo e lançou vários recados aos colegas de equipa. “Não há qualquer tipo de análise que possa ser feita. A nossa exibição não esteve à altura daquilo que se exigia e é tempo de cada um fazer uma reflexão e pensar naquilo que está a fazer mal. O Sporting tem que começar a fazer as contas com ele próprio e não com as outras equipas. O grande problema tem sido esse, temos feito muitas contas aquilo que podem fazem os outros e temos esquecido de fazer as nossas contas e o problema é que não estamos a fazer pontos e não fazendo pontos não interessa o que os outros estão a fazer”, explicou o médio internacional português, que foi um dos mais inconformados durante os 97 minutos de jogo.

O número 8 leonino ainda reconheceu que o Sporting está “numa situação complicada” e que “os pontos falam por si”. “Sabíamos que perdendo hoje a situação ficava ainda mais complicada. Não há nada a esconder, temos que trabalhar mais e ter mais atitude”, disse Bruno Fernandes, que lembrou ainda que o jogo da próxima quarta-feira, novamente com o Benfica mas desta vez a contar para a meia-final da Taça de Portugal, “tem a mesma importância que tinha”. “Não é por perdermos hoje que vai ter mais importância. Um dérbi tem sempre muita importância, uma meia-final da Taça tem sempre muita importância”, garantiu.

Bruno Fernandes foi Pedro Barbosa, é quase Fernando Peres e ainda pode ser Balakov

As críticas à exibição do Sporting, que vieram de Bruno Fernandes mas também de Marcel Keizer, apareceram em Alvalade ainda durante o jogo: os adeptos leoninos mostraram lenços brancos logo depois do golo de Pizzi, que aumentou o resultado para 1-4 através de uma grande penalidade, e muitos abandonaram mesmo as bancadas do estádio ainda antes de Artur Soares Dias apitar para o final da partida.