O ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio considerou hoje que o próximo Presidente da República “tem que atender mais à reforma do regime” do que fizeram os seus antecessores.
Na conferência nacional “Políticos: Sistemas e Pessoas”, organizada pela JSD e que decorreu durante toda a tarde de hoje em Santa Maria da Feira, as próximas eleições presidenciais foram um dos temas em destaque quer nas perguntas da plateia quer das dos jornalistas a três dos sociais-democratas presentes: Rui Rio, Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes.
No final do painel no qual participou, Rui Rio manteve o tabu sobre uma eventual candidatura a Belém, apesar da insistência dos jornalistas, tendo apenas traçado perfil que entende que deve ser o sucessor de Cavaco Silva: “o próximo Presidente da República tem que atender mais às questões de regime e à reforma do regime do que aquilo que foi atendido pelos outros antes, tirando talvez o General Eanes no seu primeiro mandato porque também havia que consolidar ainda a democracia”.
Na opinião do ex-presidente da Câmara do Porto, “o próximo Presidente tem de ter uma zona de ação mais interventiva em torno das grandes reformas que o regime precisa”, sendo esta intervenção “no sentido de influenciar, não é fazer porque não tem essa capacidade”.
Da plateia surgiu a pergunta se Rui Rio concordava mais com a opinião do comentador Marques Mendes – que defendeu que Marcelo Rebelo seria um bom candidato da direita – ou com a de Marcelo Rebelo de Sousa – que sugeriu que Rui Rio deveria avançar já.
“Como reparou eu não tinha ouvido bem a pergunta e portanto não podia responder. Agora ouvi e não respondo também”, respondeu apenas aos jornalistas.
Sobre o ‘timing’ para a apresentação de candidaturas presidenciais – Marcelo havia defendido antes que só após as legislativas é que se deveria falar da corrida a Belém – Rio manteve o tabu e disse: “pode ser assim mas também pode ser de outra forma. Ainda não ponderei isso devidamente”.
No painel anterior ao de Rui Rio, Marques Mendes – que partilhou o palco com Marcelo rebelo de Sousa – considerou que as “promessas eleitorais um dos maiores vícios do nosso Estado de Direito”, considerando que “todos têm pecados nesta matéria”, seja o PSD ou o PS, porque há anos que não vê um programa eleitoral que seja cumprido.
“Ao contrário de muito boa gente, eu sou muito favorável a que os programas eleitorais dos partidos pudessem ser escrutinados por uma entidade pública independente”, defendeu, dando o exemplo da Holanda onde há 25 anos os partidos voluntariamente aceitam submeter os seus programas ao crivo e análise dessa entidade.
Para Marques Mendes é importante obrigar – ainda que tenha usado esta expressão entre aspas – os partidos a serem rigorosos em termos de promessas eleitorais.