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Depois da confusão gerada no relvado no final do encontro entre FC Porto e Moreirense, com os responsáveis azuis e brancos a protestarem e muito com a atuação do árbitro Hugo Miguel, os ânimos continuaram exaltados também fora do Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, havendo mesmo uma agressão do agente Pedro Pinho a um repórter de imagem da TVI, Francisco Ferreira, que foi gravada pelas câmaras que estavam perto do autocarro portista e quando Pinto da Costa estava por perto.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta terça-feira ao Observador que já foi instaurado um inquérito às agressões do agente. O ministro da Edução, Tiago Brandão Rodrigues, repudiou o sucedido.

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Depois da saída de Pinto da Costa, presidente do FC Porto, é visível que um outro elemento ligado aos dragões, que não aparece nas imagens, agride o repórter de imagem, que deixa depois cair a câmara, provocando prejuízos materiais ao canal de Queluz de Baixo. Esse elemento será o empresário Pedro Pinho, que não fazendo parte da estrutura dos azuis e brancos tem ligações ao clube, tendo intermediado vários negócios nos últimos anos com a SAD dos dragões. O agressor foi de imediato identificado pela GNR, que se encontrava presente nessa zona, saindo depois do local já no interior da sua viatura.

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Segundo Victor Pinto, jornalista da TVI, o autor da agressão, após o episódio, mostrou-se “arrependido”, “gostaria de pedir desculpa” e até de “ressarcir a TVI devido aos prejuízos”. Assinalou ainda que, de acordo com Vítor Baía, a aproximação de Pinto de Costa aos jornalistas foi “em tom de provocação”, quase “brincadeira”, do que uma “atitude de intimidação”. De acrescentar que, nas imagens que se conseguiram ver da zona onde estavam os dirigentes dos dragões no Comendador Joaquim de Almeida Freitas, Pedro Pinho não viu o encontro no mesmo local dos dirigentes, com os administradores Vítor Baía, Adelino Caldeira e Fernando Gomes perto de Pinto da Costa e Vítor Magalhães, presidentes de FC Porto e Moreirense, que estavam na primeira fila.

Estes fenómenos de violência gratuita no futebol continuam a acontecer. A questão principal não é ser a seguir ao Moreirense-FC Porto, é que um jornalista voltou a ser agredido, depois de dois pontapés e três empurrões. Mais do que o dano físico, há um dano moral (…) Pinto da Costa ligou-me não só para se solidarizar e sobretudo condenar qualquer ato de violência que aconteça, este em particular. Quis deixar claro também que este senhor, Pedro Pinho, não só não pertence ao FC Porto como não integrava a comitiva do FC Porto, não viajou com o clube nem esteve a assistir ao jogo a convite do clube (…) Pedro Pinho também já fez chegar à TVI um pedido de desculpa ao nosso repórter de imagem, comprometendo-se a pagar qualquer dano que tenha sido provocado mas recusando a ideia de uma agressão. Não é esse o relato que temos, nem do nosso colega nem das pessoas que lá estavam”, revelou no canal Anselmo Crespo, diretor da TVI.

“A Direção de Informação da TVI repudia veementemente a agressão que o seu repórter de imagem Francisco Ferreira sofreu na segunda-feira à noite, após o jogo entre o Moreirense e o FC Porto, tendo como protagonista o empresário de futebol Pedro Pinho. A TVI apela às entidades competentes e às forças da manutenção da segurança e da ordem públicas para que se crie condições de proteção das equipas de reportagem que cobrem este tipo de eventos desportivos. A TVI distingue a instituição Futebol Clube do Porto de outros agentes e reserva-se a faculdade de proceder judicialmente contra os responsáveis pelas agressões e pelos danos causados ao material de trabalho do repórter de imagem”, anunciou a Direção de Informação do canal em comunicado.

De acordo com o jornal O Jogo, o repórter de imagem em causa foi depois ajudado pelo staff médico do FC Porto. A TVI anunciou também que Vítor Baía fez um pedido de desculpas pelo sucedido em nome do clube. “Veio diplomaticamente explicar a situação, pôs-se a disposição para acudir ao que fosse necessário”, indica Victor Pinto, que também indicou que a TVI pretende apresentar queixa do sucedido “o mais brevemente possível”, tendo havido, no entanto, uma “tentativa de dissuasão” para que acontecesse o contrário.

As reações à agressão. “O que aconteceu é altamente condenável, absolutamente reprovável”

Tiago Brandão Rodrigues ministro da Educação, é apenas umas das vozes que criticou o que aconteceu. “O que aconteceu é altamente condenável, absolutamente reprovável e tem a nossa veemente condenação”, referiu. “Toda a violência ontem, seja ela física, verbal ou de outra natureza”, continua. E adiantou: “Obviamente que a um jornalista toma outra figura: é um crime público, que deve ser punido em termos disciplinares e contraordenacionais, e, no plano da justiça, terá de haver uma atuação inequívoca para que nunca mais volte a acontecer algo desta natureza”.

É preciso entender quem era esta pessoa, porque é que ali estava e ser absolutamente taxativo nas consequências que têm de existir. A justiça terá de atuar inequivocamente e é isso que todos esperamos”, disse o Ministro da Educação.

Ministro da Educação considera “altamente condenáveis” incidentes em Moreira de Cónegos

Já Rui Rio, o líder do PSD, considerou “intolerável” a alegada “inação dos elementos da GNR”, escreveu no Twitter. “Ver um bandalho a agredir um cidadão e não interferir de imediato para o evitar – agravado com o facto de se tratar de um crime público – exige um processo de averiguações”, diz ainda o social-democrata.

“A FPF condena de forma veemente a agressão de que foi vítima um repórter da TVI depois de concluído o jogo entre Moreirense e FC Porto, na segunda-feira à noite. Os espetáculos desportivos devem ser momentos de celebração da paixão pelo jogo e locais em que todos podem exercer as suas funções em liberdade e de forma segura. A esta condenação pública, junta a FPF uma mensagem de ânimo e solidariedade ao repórter da TVI, extensiva a todos os profissionais da comunicação social”, comentou a este propósito a Federação Portuguesa de Futebol, numa nota de imprensa enviada à agência Lusa na manhã desta terça-feira.

“A Liga Portugal apresenta uma palavra de solidariedade ao repórter de imagem da TVI Francisco Ferreira, que estava em trabalho no Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, repudiando esta e qualquer agressão verbal ou física contra elementos da comunicação social, que ocorram nos estádios ou nas imediações dos mesmos. O futebol deve ser um local de festa, mesmo numa altura crucial da época e em que as emoções estão mais fortes do que nunca. Apelamos a todos que mantenham a serenidade nas jornadas que faltam para terminar os campeonatos. É o futebol quem pode perder com atos irrefletidos”, defendeu a Liga.

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Também o Sindicato dos Jornalistas (SJ) tomou uma posição pública sobre o caso, repudiando “com veemência a agressão de que foi alvo um repórter de imagem da TVI por parte de um agente de jogadores, à saída do estádio do Moreirense, após o empate (1-1) entre a equipa da casa e o Futebol Clube do Porto”. “O recurso à violência verbal e física contra os profissionais de comunicação social, seja qual for o pretexto, não é admissível numa democracia. Sendo a informação um bem público, o SJ reitera que a segurança no exercício de funções é fundamental para que os profissionais deste setor possam cumprir a sua missão de informar. A coação, as ameaças, as agressões e os insultos configuram crimes, perante os quais os órgãos de informação e os próprios jornalistas visados devem reagir, apresentando queixa junto das autoridades competentes”, salientou.

As Comissões de Trabalhadores da TVI, RTP, SIC e Lusa apresentaram também “total e incondicional solidariedade” para com o repórter de imagem que foi agredido em Moreira de Cónegos, após o jogo entre o Moreirense e o FC Porto, avançou a Lusa. “Em primeiro lugar, é necessário sublinhar que nada justifica ou ameniza este tipo de comportamentos, que assume especial gravidade pelo facto de ter sido protagonizado por um empresário ligado à modalidade: ou seja, um agente envolvido no mundo do desporto, que deve naturalmente pugnar por outro tipo de comportamentos e valores”, afirmam, num comunicado conjunto.

Queremos também exigir às autoridades que assumam uma postura clara de maior proteção aos jornalistas que estão a cumprir as suas funções profissionais, de forma a impedir atentados à liberdade de informação, como previsto no artigo 19.º do Estatuto do Jornalista”, acrescentam.

As Comissões de Trabalhadores dizem esperar “que as entidades competentes analisem este caso que, recorde-se, constitui crime público”. “Infelizmente, pressões, ameaças físicas, insultos e agressões a jornalistas são uma realidade recorrente no contexto dos jogos de futebol em Portugal”, pelo que “é imperativo acabar com este clima inaceitável de intimidação a profissionais da comunicação social, e recordamos que o exercício da liberdade de imprensa está consagrado na Constituição da República e na própria lei portuguesa”, rematam.

Notícia atualizada às 12h30 com mais informações e reações de diversos órgãos e entidades e às 16h32 com a informação da PGR.