O ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa disse neste sábado estar “dividido sobre a dimensão dos efeitos políticos” da eventual prisão domiciliária de José Sócrates, não sabendo ainda se esta decisão será favorável ou prejudicial para a campanha socialista.
O Ministério Público (MP) propôs a alteração da medida de coação do ex-primeiro-ministro José Sócrates, de prisão preventiva para prisão domiciliária, disse hoje aos jornalistas o advogado de José Sócrates, à saída do estabelecimento Prisional de Évora.
À chegada para um jantar-conferência do PSD/Vale de Cambra, Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à agência Lusa e à SIC, Marcelo Rebelo de Sousa começou por comentar que “se isso acontecer não é uma surpresa” e, “numa primeira fase e em cima do acontecimento”, disse estar “dividido sobre a dimensão dos efeitos políticos”, podendo “dar para um lado ou para o outro”.
“Por um lado, é evidente na cabeça de muita gente que isto significa um bocado apressadamente que se ele saiu é porque não é culpado ou é menos culpado. O que não é bem assim porque isto não tem a ver com o fundo do processo, mas na cabeça de muita gente significa que apesar de tudo não é tão grave para não o terem lá dentro. E isso, objetivamente, é favorável ao PS”, antecipou.
Por outro lado, na opinião do antigo presidente do PSD, o facto de José Sócrates “estar cá fora significa ser o centro de todas as atenções” e assim “a campanha que até agora tinha passado à margem daquele assunto, pode de repente ter um fator novo que se chama José Sócrates, a favor e contra”. “E isso já não é tão bom para o PS porque em campanha o que interessa é o novo líder e olhar para o futuro e não falar do passado”, explicou.
“Ou era agora ou era daqui a três meses e se o Ministério Público está convencido que neste momento não há razões de risco para o processo, o demorar mais três meses significaria a decisão ser tomada em cima da campanha eleitoral. E aí a interpretação política era muito pior”, acrescentou ainda.
Para Marcelo Rebelo de Sousa “faz todo sentido esta decisão, se não há elementos que justifiquem agora a proteção do processo”, ressalvando que apesar de esta ser tomada “por razões de direito”, o facto de Sócrates ser político traz efeitos neste campo.
“Mesmo quando se pensaria que este ano político ia ser um ano que passava ao lado dele, é impossível passar ao lado dele, para bem e para mal. O que tem lógica porque foi primeiro-ministro. É muito difícil, num processo destes, havendo uma campanha eleitoral em curso não haver o risco de vez em quando haver umas misturas”, considerou ainda.
José Sócrates foi detido a 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, no âmbito da “Operação Marquês”. Está indiciado pelos crimes de crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção, sendo o único arguido ainda em prisão preventiva neste processo, depois de o empresário Carlos Santos Silva estar em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, desde o final de maio.