Vários países da OPEP, como a Arábia Saudita, o Iraque e os Emiratos Árabes Unidos, estão a produzir quantidades recorde de petróleo, apesar de o cartel continuar a recusar mexer nas quotas de produção. Essas mesmas quotas não parecem, portanto, estar a ser respeitadas, pelo que a recuperação registada pelos preços do crude nos últimos meses poderá estar em risco, diz a Agência Internacional de Energia.
A Arábia Saudita, o principal membro da OPEP, produziu uma média de 10,25 milhões de barris de crude por dia em maio, um aumento face aos 10,16 milhões de abril. Também no Iraque se produziu mais petróleo, com um aumento de 3,75 milhões de barris em abril para 3,85 milhões em maio. Estes e outros aumentos da produção fazem com que o cartel já esteja a furar o limite de produção que impõe a si mesmo.
Esse limite é de 30 milhões de barris por dia mas, segundo a Bloomberg, o limite já está a ser superado em cerca de 1,3 milhões de barris por dia.
Perante sinais de uma procura global em crescimento mais baixo, muitos analistas esperavam que a OPEP reduzisse as quotas de produção para proteger os preços. Mas, nas várias reuniões desde o outono, os membros nunca quiseram descer a produção, numa estratégia que é vista pelos especialistas como uma tentativa de baixar os preços para combater a concorrência dos produtores de petróleo e gás de xisto, sobretudo nos EUA.
Sacrificando preços mais altos por cada barril de petróleo vendido, os países que dominam a OPEP optaram por uma estratégia de proteção da quota de mercado. Com os preços mais baixos no mercado, contudo, alguns países estão compensar a perda de receita (por barril) com uma produção real mais elevada. Ou seja, vendem mais barato cada barril mas vendem mais, algo que estará a criar alguma instabilidade entre os países que integram o cartel.