Tem 83 anos, 82 de cidade do Porto. Quando pode, o jornalista e historiador Germano Silva organiza passeios a pé pela Invicta mas, graças ao livro Caminhar Pelo Porto, que vai ser lançado no sábado pela Porto Editora, portuenses e turistas podem agora conhecer os segredos da cidade a qualquer hora. O livro está dividido em sete percursos, todos acompanhados de um mapa, tempo de duração do percurso e dicas sobre monumentos, restaurantes e até locais onde fazer umas compras.
“Este é o livro que eu sempre quis escrever”. É assim que Germano Silva apresenta Caminhar Pelo Porto, logo na primeira página. Um misto de guia turístico e repositório de histórias sobre a cidade onde cresceu e sempre viveu. Só não nasceu.
Passe o rato sobre os pontos para descobrir alguns dos locais que o autor destaca no percurso entre a Praça do Infante D. Henrique e o Passeio Alegre:
“Nasci em Penafiel por acaso, mas depois vim para o Porto com um ano e sempre vivi aqui”, contou o historiador ao Observador. “O Porto é inegavelmente a minha cidade, e o livro é um contributo que eu dou para a tornar mais conhecida”. Em agosto, o livro vai ter uma edição em inglês para os turistas, mas foi lançado inicialmente em português também a pensar nos portuenses que querem descobrir alguns segredos escondidos mesmo debaixo do seu nariz. “Mesmo para os portuenses que vivem numa determinada rua, é bom saberem que a sua rua tem uma determinada história e que esta está ligada à história da própria cidade”.
Bolhão, Cedofeita, Prado do Repouso, São Bento, Batalha, Praia do Ourigo. Os vários itinerários são pormenorizados e contam histórias de casas e de pessoas que sempre lá viveram. “O interesse está em revelar através do livro as curiosidades que vou apontando nos passeios”, o que leva Germano a dizer que esta é a oportunidade de passear com o historiador “debaixo do braço”.
Dos sete, Germano Silva destaca o percurso entre a Praça do Infante D. Henrique e o Passeio Alegre, pela beira-rio.
Apesar de conhecer os ‘cantos à casa’ como poucos, Germano Silva admitiu que descobriu várias coisas sobre o Porto que ainda lhe eram desconhecidas. “Há recantos, cantinhos que ainda é preciso descobrir. Ainda há dias levei um grupo ali às Escadas dos Judeus [Pátio das Escadas Monte dos Judeus], em Miragaia, onde nuns recantos há paredes escritas em latim, do tempo em que estava ali a judiaria. As pessoas ficam encantadas porque muitas vezes passam ao lado da própria história”, contou.
Dos sete, Germano Silva destaca o percurso entre a Praça do Infante D. Henrique e o Passeio Alegre, pela beira-rio. “Porque a cidade do Porto se fez pelo rio, foi através do rio que o comércio se desenvolveu, os mercadores tinham os seus barcos e é junto ao rio que está um pedaço da nossa história”, explicou.
Para além do rio, o percurso – que na marginal pode ser feito de elétrico – inclui a visita à Igreja de São Francisco. “Há lá imensas coisas para ver. É lá que estão as grandes famílias do século XV e XVI que engrandeceram a cidade. Por exemplo, à direita da Igreja está uma imagem de São Francisco muito curiosa, e poucos sabem que ele também era um um santo casamenteiro. Até lhe chamavam alcoviteiro, por causa dos bilhetes que as raparigas lhe deixavam para arranjar namorado”, contou. O percurso inclui também a passagem pelo monumento aos tripeiros. Se não sabe onde fica, mais um motivo para espreitar o livro.