O Banco Espírito Santo (BES) diz que as eventuais perdas resultantes da exposição ao Grupo Espírito Santo não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital exigidos, mas diz que só depois de publicado o plano de reestruturação do GES é que pode estimar as perdas potenciais associadas ao grupo.

Num comunicado de quatro páginas enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no final da noite de quinta-feira, o BES diz que tinha uma folga de 2,1 mil milhões de euros nos seus rácios de capital face ao que é exigido de mínimo regulamentar, resultante em parte do aumento de capital realizado no final de março.

O banco tenta acalmar os investidores dizendo que, apesar de não ter ainda condições para estimar as perdas que possam advir da reestruturação do grupo, elas não farão baixar os rácios ao ponto de ficar abaixo das regras para o mínimo de capital (8% de core tier 1). Entre as garantias que o BES tenta dar está a que não vai aumentar mais a exposição total ao grupo: “O Banco Espírito Santo compromete-se a não aumentar a exposição total ao Grupo Espírito Santo”, diz o comunicado.

O BES divulga ainda números da sua exposição ao GES, onde dá conta que a exposição total atinge 1,18 mil milhões de euros. Destes, diz, 858,1 milhões de euros dizem respeito a exposições relacionadas com crédito, aplicações e disponibildiades à Espirito Santo Financial Group e as suas subsidiárias ESF Portugal, ES Financiére, Banque Privée Espirito Santo, Espírito Santo Bank Panama, ES Bankers do Dubai e ESFG Internacional.

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A isto acresce também a exposição de 304,6 milhões de euros à seguradora Tranquilidade e uma exposição de 224,3 milhões de euros à RioForte e às suas subsidiárias, sendo na sua quase totalidade empréstimos que foram contratados pelo banco à holding. Uma das coisas que está de fora do quadro da exposição apresentada e, consequentemente, do total de exposição ao grupo, está o caso da ESCOM.

O caso da venda do Grupo ESCOM tem-se arrastado, com o GES a dizer que o grupo está vendido mas “o processo ainda não está encerrado”, apesar de dizer que a conclusão está prevista para breve. Ainda assim, o banco estima que a exposição bruta ao grupo ESCOM esteja nos 297 milhões de euros.

Há ainda a questão da dívida do GES que foi vendida aos investidores privados no retalho que são detidos pelos clientes do grupo e que a 30 de julho ascendiam a 853 milhões de euros. Estes títulos de dívida são essencialmente papel comercial (dívida de curto prazo) emitidos por várias entidades do grupo como a ESI (255 milhões de euros), a Rioforte (342 milhões de euros), pela ES Saúde e ES Property, que são subsidiárias da Rioforte (44 milhões de euros) e pela ESFG e suas subsidiárias (mais 212 milhões de euros).

A ESFG deu garantia incondicional e irrevogável para garantir o pagamento da dívida da ESI que foi colocada através do GES junto dos seus clientes no retalho até aos 700 milhões de euros, e esta garantia estende-se a outras entidades do GES, como é o caso da Rioforte. Ainda assim, os clientes do GES tinham 64 milhões de euros de dívida da ESCOM e 144 milhões de euros da Espírito Santo Tourism, mais uma empresa do universo GES que o grupo garante ter sido vendida em 2013.