Eddie Vedder aproveitou o último concerto da digressão europeia dos Pearl Jam, na passada sexta-feira, em Inglaterra, para apelar à paz no Médio Oriente e criticar Israel. “Há pessoas por aí que estão à procura de uma razão para matar, para passar fronteiras e conquistar território que não lhes pertence”, disse, recebendo aplausos. Apesar de nunca se referir diretamente a um país, as palavras do músico que atua em Portugal no dia 18 de julho não foram bem recebidas em Israel.

Aos três minutos da canção “Daughter”, Eddie Vedder, de garrafa de vinho na mão, pediu ao público que se encontrava no Milton Keynes National Bowl, no sul de Inglaterra, para cantar: “Não à guerra. Cantem! Não à guerra”.

O público aderiu, e Vedder continuou. “Ao mesmo tempo que uma coisa tão positiva como esta [o concerto] está a acontecer, não muito longe daqui estão a atirar bombas uns aos outros”, disse. “E eu percebo, se a guerra é o último recurso eu percebo, eu percebo, eu percebo”. Mas acrescentou: “Há pessoas por aí que estão à procura de uma razão para matar, para passar fronteiras e conquistar território que não lhes pertence”.

Entre os apelos à paz, e antes de cantar uma passagem de “War”, canção anti-guerra do Vietname, de Edwin Starr, o vocalista dos Pearl Jam lembrou que “as pessoas são todas iguais”, pelo que não entende os motivos para a guerra. “Stop the fucking shit now“, acrescentado que os seus impostos não devem servir para bombardear crianças, numa clara referência – nunca assumida – ao apoio dos Estados Unidos a Israel.

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Os Pearl Jam são uma banda muito popular em Israel e as palavras de Eddie Vedder foram noticiadas, por exemplo, no Jerusalem Post. Para além dos vários comentários que criticam o músico norte-americano, Ben Red, DJ de uma rádio israelita e criador da página ” Bring Pearl Jam to Israel (com 42 mil gostos), mostrou-se muito desiludido e prometeu apagar a página. No perfil oficial de Facebook dos Pearl Jam a discussão ainda se mantém, com 1.600 comentários de críticos e apoiantes das palavras de Eddie Vedder.

Não é a primeira vez, nem será a última, que Vedder causa polémica pelas suas posições. Em 2002, os Pearl Jam lançaram Riot Act, álbum declaradamente anti-governo de George W. Bush. Em 2003, ano em que os Estados Unidos entraram em guerra com o Iraque, o vocalista entrou em palco com uma máscara de George W. Bush e foi apupado pela maioria do público, havendo mesmo fãs a deixar a sala.

Em 2012, Vedder declarou publicamente apoio à candidatura de Barack Obama. Sobre a questão das armas, o músico escolheu palavras polémicas numa entrevista: “Fico tão irritado que quase desejo que aconteçam coisas más a estas pessoas”, disse, sobre quem se opõe a uma mudança à lei das armas. ” Mas nem preciso porque parece que essas coisas acontecem de qualquer forma. Parece que todas as semanas leio sobre uma criança de quatro anos que matou a irmão, o pai, o cão, o irmão ou ela própria, porque há armas à disposição em qualquer lado”, afirmou.

O músico norte-americano vai dar um único concerto a solo na Europa, e escolheu Portugal. Eddie Vedder atua no Meco, a 18 de julho, num concerto integrado no festival Super Bock Super Rock.