“Desespero político”, “radicalização”, “mistificação”, “insinuações graves” e “dúvidas infundadas”. Foi assim que o porta-voz do PSD, Marco António Costa, reagiu à acusação de António Costa de que o PSD/CDS estão a esconder dos portugueses a real situação financeira do país e que há “surpresas desagradáveis” que ainda virão a ser conhecidas.

“É inaceitável que se lancem atoardas injustificadas para criar sombras. (…) Nada justifica estas insinuações graves que lançam dúvidas infundadas sobre as contas públicas portuguesas”, afirmou aos jornalistas, no final de uma reunião com os Trabalhadores Sociais-Democratas, adiantando que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que se reuniu com Mário Centeno do PS, “não deixará de esclarecer o conteúdo” da reunião que teve e que “comprova” toda a “transparência” do Governo.

Marco António Costa admitiu que nas duas reuniões alargadas que a coligação teve com o PS se discutiu a situação da TAP, mas que aí não houve novidades. “A situação é muito difícil do ponto de vista financeiro. O dinheiro escasseia e há problemas graves de tesouraria, mas isso é público”.

Segundo o PSD, a acusação foi feita para desviar as atenções das negociações em que os socialistas não estão empenhados. “Foi para tentar justificar uma atitude não construtiva para diálogo franco e positivo com a PaF e é revelador do ambiente pouco propício à confiança para base negocial séria”, disse, considerando que “deixa transparecer desespero político e radicalização para criar perturbação injustificável ao processo negocial”.

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Marco António Costa comentou ainda a carta que a coligação recebeu na sexta-feira de António Costa com 29 propostas para a negociação. Para o PSD, não é “uma proposta política de trabalho que sirva de avanço na negociação” pois o PS não pode “forçar” para que “o programa do PS seja o programa base da governação”.

“Nunca viraremos as costas ao país. Estamos disponíveis para uma negociação séria, mas não estamos disponíveis para simulacros de negociações e para arrastar na opinião pública uma tentativa de inquinar o debate”, acrescentou.

Em entrevista à TVI, sexta-feira à noite, o secretário-geral do PS deixou no ar a acusação de que o Governo está a esconder dados graves sobre a situação financeira do país, alegando que se trata de novos “buracos” orçamentais que quer esconder da opinião pública a todo o custo e que isso impediu o processo de conversas à direita. Nessas reuniões, “foram sempre deixando cair uma nova surpresa desagradável que um dia vão ser tornadas públicas sobre a real situação financeira do país”.

“Mas há um limite para a capacidade de um Governo esconder a real situação financeira do país”, disse, sem querer especificar, mas frisando que “a não transmissão de toda a informação é um dos piores sinais sobre a forma como a coligação” lidou com o PS.